A realização da Bienal do Azeite em Castelo Branco de 29 a 31 de Maio merece algumas reflexões:
- O ministro da agricultura que devia ter viajado no chamado "Comboio do Azeite" acabou por vir de carro de Lisboa a Castelo Branco e chegar 1h30m atrasado. Porquê? Porque os agricultores de Santarém e de Castelo Branco esperavam o ministro nas estações de caminho de ferro para lhe dar as "boas vindas" pela "excelente" política que tem vindo a pôr em prática em benefício da agricultura. O ministro pura e simplesmente fugiu. Como se chama esta atitude?
- Independentemente do "folclore" que estas realizações costumam apresentar e que a comunicação social já noticiou, o azeite foi de facto a "estrela da festa". Queremos destacar a interessante exposição de fotografias sobre o "Ciclo do azeite - a Beira Baixa dos anos de 1920".
Recebi há dias um comentário de um leitor do blog referindo que as estruturas montadas iam custar 600000 euros. E interrogava-se também quanto ia custar a feira. Em tempo de crise é preciso estabelecer prioridades. O que importa é o que se vai fazer no futuro. Para se obterem resultados é preciso investimento, mas tem de se fazer mais alguma coisa. Não podem ficar à espera, todos contentinhos porque organizaram a Bienal, e pronto. Fizemos o nosso dever. Agora desenrasquem-se.
-Daqui a dois anos vai haver nova bienal. Quem vai assumir a responsabilidade de a organizar? Tem de haver continuidade e só pode ser a câmara de Castelo Branco. E porque não passar a ser anual a realização? E a preparação de um espaço com estruturas para este tipo de realizações não poderia ser uma boa opção? São apenas perguntas e sugestões.
- Um dos aspectos mais relevantes é a qualidade do azeite produzido em todas as zonas do país. A Beira Baixa, apesar de contribuir com 18% da área de olival, apenas produz 9,2% do azeite do todo nacional. No Alentejo as percentagens são, respectivamente, 41% e 45%. Porquê esta diferença? Segundo a opinião de algumas pessoas com conhecimentos do assunto tem a ver com o tipo de olival. Na Beira Baixa, o olival é tradicional, extensivo, com árvores grandes e velhas. Além de produzirem menos, tem custos mais elevados. Afirma-se, no entanto, que a qualidade do azeite é melhor e que o futuro do olival passa preservação e desenvolvimento deste tipo de olivicultura. É preciso, que haja apoios, incentivos à produção, à organização dos produtores, mas também ao consumo do azeite nacional. Pode ser mais caro, mas é seguramente melhor do que os 40% do azeite que importamos.
- Era importante que a Câmara Municipal fizesse um balanço da Feira e divulgasse os resultados. Os cidadãos devem ser informados. Não servem apenas para votar de 4 em 4 anos.