Ultimamente têm aparecido muitas questões relacionadas com o poder autárquico. Li há alguns dias um comentário de alguém que afirmava (e cito de memória) que 50% do dinheiro gasto por muitas autarquias é mal gasto.
É uma afirmação que merece ser comentada e considerada. Para isso temos de perguntar:
O que se pode afirmar em relação à Câmara Municipal de Castelo Branco? O dinheiro gasto é aplicado com critério? As obras feitas eram as absolutamente necessárias e urgentes?
Já várias vezes nos pronunciámos sobre isto:
- Sabemos que há projectos que foram encomendados e elaborados e que foram metidos na gaveta e não foram executados? Porquê? Talvez não agradassem ao comendador. São muitos milhares de euros gastos inutilmente.
- Muitas obras têm sido executadas e passado pouco tempo são objecto de alterações (remendos), porque começaram a meter água, ou porque as paredes começam a abrir fendas, ou porque se esqueceram que os jardins devem ter árvores e relva; ou porque os bancos são necessários para as pessoas se sentarem, ou porque bancos sem costas são muito incómodos e os bancos de madeira são muito mais agradáveis,...
- Foram feitos concursos de projectos de ideias, que a grande maioria dos albicastrenses não conhece e que não foram executados. Entre eles está o Projecto de Renovação da Zona da Estação. Em meados de 2008 foi feito um concurso de ideias e apresentados cerca de uma dúzia de projectos. Na altura, embora se tenha falado do assunto, pouca gente teve acesso aos diversos projectos e ao vencedor. No entanto, esperava-se que a câmara e o seu presidente, mais conhecido pelo comendador, avançasse com a sua concretização. Ainda hoje estamos à espera das obras e bem podemos esperar. Pelos vistos nem os "ceguinhos" apoiantes incondicionais conseguem levar o comendador a decidir que projecto vai executar. Mas, para nós, apesar do atraso (o Centro Coordenador de Transportes já está atrasado trinta anos) os diversos projectos devem ser conhecidos, analisados, discutidos e alterados e escolher DEFINITIVAMENTE o que se vai fazer.
Nos dias 1 e 2 de Outubro, nas Jornadas da Ordem dos Arquitectos realizadas na EST/IPCB, foi feita uma exposição dos diversos projectos. Infelizmente não foi feita a apresentação de qualquer deles, nem mesmo do vencedor, apresentado pelo gabinete "RISCO". Sabedores desta realização tivemos o cuidado de visitar a exposição e apreciar os estudos propostos. Acabámos por verificar que algumas das soluções apresentadas (nomeadamente a vencedora) propunham intervenções estruturantes que alteravam completamente a zona; o investimento requerido pelas "obras" necessárias era astronómico; algumas das soluções eram pouco eficazes e práticas; o projecto vencedor era o único que apresentava intervenção urbanística para lá da variante, o que nos leva a perguntar PORQUÊ?
Já vai sendo tempo de resolver esta questão. O comendador e a sua "equipa" já tiveram mais de dois anos para resolver. Para nós já não é surpresa. Não é capaz quem quer é quem pode, mesmo que os "ceguinhos" não vejam.
Para se fique com uma ideia vou deixar aos leitores algumas fotos dos projectos.
2 comentários:
Já tive a oportunidade em outro Blog falar desta iniciativa.
Estou de acordo com a ideia da divulgação da iniciativa da Ordem dos Arquitectos, que passou ao lado do conhecimento público.
Foi pena, porque perdeu-se uma oportunidade de debate,pelo menos, com quem se interessa pelas coisas da terra onde se vive.
E, neste caso,trata-se do projecto da Zona da Estação, que inclui a Av. Nuno Álvares, a Rainha das Avenidas de Castelo Branco.
E a prová-lo está a escolha (e bem)das entidades da terra a terem eleito para as Comemorações do Dia do Exército.
Sou de opinião, desde sempre, que esta Avenida não deve ser alterada no seu perfil. Por uma série de razões: Localização, centralidade, desenho, arvoredo e a modernidade que mantém, apesar dos anos.
Pela importância que representa, considero que o projecto e a maqueta deviam ser expostos num local central e com debate público.
Que podia alargar-se aos outros projectos, tal como a Ordem dos Arquitectos fez.
Carlos Vale
Entretanto,
O GARROTE VAI APERTANDO...
O Interior que o diga.
O PIDDAC para 2011 é disso prova:
Dos 11 concelhos do Distrito, seis não fazem parte das verbas para obras. Foram varridos.Não existem. Ou seja,para mais de metade dos concelhos, Vila Velha de Ródão, Idanha-a-Nova, Sertã, Oleiros, Proença-a-Nova e Vila de Rei nem um único euro do PIDDAC. Belmonte e Penamacor não andam longe, pois só lhes calhou uma obra de 20 mil euros para cada.
Uma vez mais,as Zonas da Raia e do Pinhal são as mais sacrificadas.
Só três projectos(Estabelecimento Prisional de Castelo Branco,a UBI-Medical e Faculdade de Ciências da Saúde-UBI, absorvem 75% do total das verbas.E qualquer destas obras já vem de anos anteriores, o que mostra que o grau de execução não foi cumprido. A verba atribuida ao distrito apenas representa 0,62% do PIDDAC Nacional.
Aonde está,a tal maneira eficaz de evitar a desertificação, o abandono do Interior, a coesão nacional e o desenvolvimento harmonioso que andaram a vender durante décadas?
Uma vez mais, o Interior do País é o mais prejudicado.É mais um golpe profundo no combate às assimetrias regionais e às injustiças sociais.
De golpe em golpe, o que é que vai restar do Interior?
O que está acontecer, é a prova real de que é urgente mudar de rumo e de políticas.
É preciso pôr um ponto final nos desvarios da cambada.
Carlos Vale
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