06/06/2011

Após a cruzinha vêm as...consequências!

Hoje é dia de avaliar os resultados!

Depois de um dia cheio de "emoções", é preciso avaliar os resultados e tirar ilações para o futuro.
Algumas pequenas conclusões, que também podem servir de reflexão.

1. O aumento da abstenção (41,1% a nível nacional; 42,35% no nosso distrito) é um dado indesmentível. Apesar dos apelos ao voto, o povo mostra estar descrente e já não acreditar em quem nos lançou na lama da crise. A abstenção combate-se com uma política que defenda quem trabalha e não os banqueiros.

2. É evidente que a derrota da política do PS e a demissão de Sócrates foram boas notícias e positivas. Infelizmente, só uma parte da direita (PS) foi derrotada. Foi apenas derrotado o partido que lançou o país na mais desenfreada política neoliberal de estrangulamento do desenvolvimento do país, em benefício dos grandes grupos económicos, da banca, do capital. A outra parte da direita (PSD/CDS) vai continuar a pôr em prática o memorando que a Troika internacional e o FMI exige que se desenvolva rapidamente. Os próximos três anos vão ser para "sacar" o máximo. Eles sabem que vai ter de ser renegociada a dívida, com alteração das condições de pagamento, prazos, juros,... Por isso, querem sacar o máximo no mais curto espaço de tempo. A experiência da Argentina, que propôs ao FMI o pagamento de 30 cêntimos por cada dólar emprestado ou então não havia nada, "abriu-lhes os olhos" e agora quanto mais depressa recuperarem o capital melhor para eles e pior para nós (o povo).

3. Infelizmente, a direita que ganhou as eleições não aprendeu nada com as experiências grega e irlandesa. A receita que vão aplicar em Portugal já mostrou naqueles países que, em vez de resolver os problemas, a economia continua a afundar, com o aumento do desemprego, a diminuição do PIB, a recessão a acelerar. Em Portugal vai acontecer o mesmo. Até 2013, dizem eles, o PIB (Produto Interno Bruto) vai diminuir 4%. E depois começa a crescer. Boa. Também era melhor: não pode continuar a diminuir até chegar a zero; alguma vez terá de crescer. Mas mesmo assim não sabem quando vai começar a crescer. Pelos vistos, o desemprego (parece que uma economia só cresce quando há produção, que cria emprego, que tem rendimento e que provoca consumo) vai aumentar até níveis incomportáveis (fala-se em valores perto de 20% de desemprego) e levar a população mais jovem e mais qualificada para a emigração.
A única hipótese de solução passa pela renegociação imediata da dívida, acompanhada de um conjunto de medidas que ponham a economia a crescer.

4. Ainda mal tinham acabado de ser contados os votos e já o presidente do partido mais votado (PSD) afirmava que as medidas propostas no Memorando da Troika não são suficientes. Vão ser precisas "novas medidas de austeridade". Quem vai pagar? O Povo. Quem trabalha. A Função Pública. Os Professores. Os Reformados,...

5. Felizmente, à esquerda, também houve uma força política que obteve resultados positivos: a CDU. Também é a força política cujo programa apresenta medidas alternativas para combater a crise e desenvolver o país. É claro que vai continuar a defender uma Política Patriótica e de Esquerda. Eles não gostam desta terminologia, especialmente os representantes da comunicação social dominante, porque para eles não há alternativas, há alternâncias. As alternativas são perigosas: defendem o povo e os trabalhadores.

6. Concluindo: A LUTA VAI CONTINUAR EM TODO O LADO!

3 comentários:

Anónimo disse...

Apenas, mudaram as fraldas...
Sentinela da Noite

João de Sousa Teixeira disse...

Se calhar exagero... ou então não.



PÉROLAS A POUCOS



Não nunca foste marinheiro de mares por desvendar
como se o oceano acreditasse nos teus impulsos
e no teu sangue vigoroso mas apagado já das réstias
de calçada romana dos farrapos de desespero e tinta
incapaz de acender as luzes de cada sílaba inexpressiva
das cores estranhas do desencontro de dois pássaros voando
da suposta pureza dos gestos inconscientes como azedas e bugalhas
que persistem na memória adulta
e enfim dissolvido sobre a areia
sem deixar cheiro ou rasto
mas o espaço onde nunca estiveste
e se ouve ainda nos búzios o que de mais inexistente
existe além da música de tanto mar à solta

se as marés dos teus recados alguma vez mentiram
foi porque ao leme apenas deste as mãos as tuas mãos
feias e vagas com a imaginação decepada

não nunca foste emigrante de meio mundo aventureiro
na outra metade sempre desejosa do teu engenho
reflectido no mármore e nos espelhos onde sentes melhor
o efeito da multiplicação original

quantos lençóis de vento te adormecem na pele da cara
a pele de todos os sentidos?
quantos cálices de licor te embebedam a memória
de mil religiões?
quanto leite as noites choram e te lavam
do azul climatizado dos dias em que pressentes a felicidade?

por isso expeles do peito tudo quanto pode
perigosamente tornar-se corpo e magoar

marçano e lixo com elogios falsos
às bagas de suor exaltado e latino (último descendente líquido do escudo)
isso foste e muito mais trampa que talvez nem sonhes
não nunca foste guerreiro voluntário moço de armas
e crente nas virgens (que nunca te faltaram…) a quem rogaste
mil preces para que o inimigo fosse apenas
uma provação de deus duvidoso um dia da tua inabalável fé cristã

- como era difícil convencer os pássaros da afronta
mas se voavam eram os teus olhos que sobre as suas asas
descuidavam de ambos a mesma esperança inquieta –

vieram dias em que a alegria te renovou o sangue
vieram dias em que o sangue te iludiu no pregão dum cauteleiro
e apesar de tudo o coração bate é nele que te pressinto
a carne deliquescente e voluntariamente deixo a música
inundar-me as têmporas – apesar de tudo o coração bate!

panóplia afinal para medalhas e guiões
de mérito e bravura é que tu foste
porque das batalhas apenas te ficaram cinza e cicatrizes

olha as caravelas que no teu sangue são gaivotas
sem sol nem porto de abrigo
olha as caravelas que navegam na memória do teu sangue
subitamente líquido
camponês de séculos de secas!

tu nunca foste nada além de poeta morto
à míngua de poesia.

Abraço
João

Anónimo disse...

http://www.diariodigitalcastelobranco.pt/detalhe.php?id=3209

Uma vergonha cultural. Aswsim vai perdendo.

a rainha de 8as) copas