15/05/2010

Para onde vamos?

Nos últimos tempos, a visita do papa e a crise económica estiveram na ordem do dia. Em Castelo Branco parece que vivemos noutro mundo e as questões da crise têm aparecido pouco na blogosfera local. Apresento-vos a minha opinião sobre o assunto tentando dar uma resposta breve à pergunta: Para onde vamos?

A resposta a esta pergunta só tem uma resposta e são os comentadores e “entendidos” de serviço que o dizem: vamos para a recessão.

O “plano de austeridade” anunciado pelo primeiro-ministro e apoiado por Passos Coelho/PSD apresenta várias medidas de reforço ao famigerado PEC (Plano de Estabilidade e Crescimento), onde, pelos vistos, a Estabilidade não se vislumbra e o Crescimento nicles.

Quando há dias o primeiro-ministro dizia que não ia haver aumento de impostos devia estar a brincar connosco. As medidas de reforço apontam exactamente no sentido contrário:
- aumento de 1% na taxa do IVA, que vai afectar os portugueses de menores rendimentos, os que recebem o salário mínimo, os desempregados, os reformados,…
- criação de uma taxa extraordinária sobre os salários de 1% e 1,5%, que vai reduzir o poder de compra dos trabalhadores.

Eram necessárias estas medidas?

À luz dos interesses dos especuladores, dos alemães que mandam na EU (União Europeia), dos nossos credores e dos grandes grupos económicos em Portugal é claro que eram necessárias. O capitalismo é muito generoso para os poderosos.
Mas se pensarmos um pouco chegaremos às seguintes conclusões:
- a diminuição do poder de compra da população vai reduzir o consumo, que provoca a redução da produção e consequentemente do PIB (Produto Interno Bruto).
- vão aumentar as falências e o desemprego e também os preços (já está a acontecer com o aumento do IVA).
- como o investimento privado só acontece quando os patriotas dos investidores portugueses só o fazem quando têm um chapéu que os proteja e como recusam o investimento público que vai ser reduzido, o crescimento da economia vai diminuir e a economia entra em recessão.

A única coisa que lhes interessa é o défice, mas quando este desce a retoma atrasa. Só o aumento do PIB é que acelera a retoma, que é precisamente o que não vão fazer reduzindo o investimento público que ia substituir o privado que não existe.
Mas o mais grave da questão é que estas medidas são impostas por Bruxelas, pela União Europeia. Mas quem paga as favas é o povo português.

Há outras medidas que poderiam ser tomadas? É evidente que sim.

- Tributação das mais-valias e dos fundos de investimento, redução dos benefícios fiscais do IRC (que só vai sofrer uma taxa que apenas ao pagamento de imposto suplementar que é um terço do pago pelos trabalhadores) e tributar todos os outros rendimentos do capital,…

Como sempre não há apenas uma solução. Há outras. Depende dos interesses que se defendem.

1 comentário:

João de Sousa Teixeira disse...

Nem de propósito, coloquei hoje este pequeno poema no meu blog:

pec


€uro de mini-saia
com o vento pela frente,
mala ao ombro, pendurada,
pede dinheiro, à gandaia,
rua adiante, resoluta.
Diz que é moeda honrada
e não passa de prostituta.

Abraço
João