18/06/2010

A desertificação das nossas aldeias

Este post devia ter sido escrito e publicado ontem, dia 17 de Junho, Dia Mundial do Combate à Desertificação e à Seca. Embora a desertificação de que vamos falar não seja a mesma a que se refere o dia 17 de Junho, esta desertificação não é menos importante. É a desertificação de pessoas, que leva à morte lenta das comunidades, especialmente das rurais e do interior do Portugal profundo, antigo e verdadeiro, mas esquecido e abandonado.



Recentemente, um amigo escreveu um artigo num jornal local onde relembrava alguns números.
Em 1953, a antiga província da Beira Baixa tinha uma população de 356 806 habitantes. A partir dessa data é sempre a descer.

O distrito de Castelo Branco, com território ligeiramente menor que a província, tinha 316 536 habitantes, em 1960. Como é sabido, na década de 60 do século XX a emigração fez diminuir em muitas dezenas de milhar a população rural. Nem mesmo a acção do Poder Local a seguir ao 25 conseguiu inverter, apesar do desenvolvimento e do progresso verificado na generalidade das nossas aldeias.

A política seguida pelos sucessivos (des)governos, a destruição da agricultura e actividades complementares imposta pela PAC (Política Agrícola Comum) da Comunidade Europeia, levou ao abandono dos campos, à sua desertificação e despovoamento.

As autarquias que deviam tentar combater essa tendência acabaram por alimentar essa política e "permitiram", sem reagir, o encerramento de muitas "actividades económicas e sociais, lojas comerciais, instalações dos CTT, agências bancárias, postos da GNR, serviços de Saúde além das restrições nos transportes e em muitas outras actividades".

Aonde conduziu esta esta inércia e colaboração? O distrito de Castelo Branco sofreu uma sangria de tal ordem que neste momento tem apenas 195 245 habitantes, isto é, perdeu em 50 anos cerca de 120 000 habitantes. Nem a tentativa de chamar para a cidade os habitantes das aldeias, como tem tentado fazer o Comendador de Castelo Branco, inverteu esta tendência.

Num distrito, onde o emprego não existe e o que se oferece é mal pago, precário, sem direitos, as pessoas preferem "fugir" e o fenómeno da emigração vivido na década de 60 do século passado está de novo aí, com milhares de jovens a procurarem no estrangeiro a satisfação das suas necessidades profissionais.

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