04/11/2010

Não se pode ficar indiferente...(I)

O orçamento de estado para 2011 (OE/2011) domina a actualidade e o futuro dos portugueses. Não deveria ser assim, mas depois de 35 anos a sermos (des) "governados" pelos mesmos de sempre já deveríamos ter outras preocupações.

Depois de termos maiorias absolutas do PSD/CDS (AD), maiorias relativas com Cavaco, maiorias absolutas do PSD/Cavaco, maiorias relativas do PS/Soares, absolutas do PS/CDS, relativas do PSD, do PS, absolutas do PSD com CDS, do PS, do PS com CDS e sei lá que mais, as receitas são sempre as mesmas: congelamento de salários da Função Pública e de pensões, congelamento de progressões na carreira, redução de salários dos funcionários públicos, aumento de impostos (IRS dos funcionários públicos), aumento do IVA, redução das prestações sociais (saúde, ensino,justiça,...), aumento de preços de bens essenciais, etc., etc., etc.,...

- Basta um exemplo para se ver até onde chegou a perseguição aos trabalhadores do Estado. Só os professores são esbulhados de mais de 156 milhões de euros, em 2011, na redução salarial. O roubo ficará assim ordenado:

1º escalão ------------- 12 233 docentes --------------- 3 190 611 euros
2º escalão ------------ 18 865 docentes -------------- 15 804 342 euros
3º escalão ------------ 13 607 docentes -------------- 12 429 994 euros
4º escalão ------------ 14 317 docentes -------------- 13 906 388 euros
5º escalão ------------ 9 320 docentes -------------- 11 435 367 euros
6º escalão ------------ 9 305 docentes -------------- 13 467 312 euros
7º escalão ------------ não há docentes neste escalão (congelamentos)
8º escalão ------------ 11 556 docentes --------------- 29 648 535 euros
9º escalão ------------ 16 774 docentes --------------- 56 633 049 euros
10º escalão ---------- ainda não há professores neste escalão (é o mais elevado)

Se somarmos todos os valores vai dar dar 156 515 498 euros (mais de 156 milhões). Só aos professores do ensino obrigatório - até ao 12º ano. Falta o Ensino Superior. Mas também todos os outros trabalhadores do Estado.

Mas os papagaios de serviço, como comentadores políticos, tipo Marcelo, ou ex-ministros das finanças, tipo Campos e Cunha ou Catroga, ou analistas político/económicos, tipo Nicolau Santos, não vêem, por exemplo, que a banca e os grandes grupos económicos continuaram a ter lucros pornográficos, apesar da crise. E pagam impostos ridículos, ofensivos para quem trabalha.

Nos primeiros 9 meses de 2010:

- os quatro maiores bancos privados (TOTTA, BES, BCP, BPI) tiveram de lucro 1122,2 milhões de euros, 4,1 milhões por dia, um aumento de 5%;

- a PT 5617,7 milhões, um aumento de 1407%, sendo que vai distribuir 1500 milhões já aos accionistas. E isto sem pagar um tostão, que se saiba sobre a venda da VIVO, feita através de uma sociedade holandesa;

- a Brisa 401,7 milhões, mais 282%;

- a Galp 266 milhões, mais quase 50%;

- a Portucel 154,3 milhões, mais 112%;

- a Jerónimo Martins 193 milhões, mais 40%.

E perante tudo isto, a receita de IRC em 2011 vai descer 2,7%. Isto é, quanto mais aumentam os lucros, mais descem os impostos pagos pelas grandes empresas e nalguns casos, como declarou Ricardo Salgado, os lucros aumentam à conta dos impostos que se pagam a menos. É por isso que o governo se recusa a dizer quanto vai ser a receita da nova contribuição dos bancos. É que se de facto chegar a existir será irrisória. (Adaptado da Intervenção de Bernardino Soares, deputado do PCP, que pode ser lida, na íntegra, aqui ).

Temos de estar indignados e só temos um caminho: A LUTA
- No próximo sábado dia 6/Novembro - Manifestação em Lisboa
- No dia 24 de Novembro - GREVE GERAL

1 comentário:

João de Sousa Teixeira disse...

Mas provavelmente ambos estamos enganados. A pobre banca - aquela que está no centro da crise, que se diz necessitada de ajudas e é tratada com paninhos quentes - afinal teve um lucro de 12 mil milhões em 9 meses!!!

Abraço
João