04/07/2009

A decisão de Maria João Pires

Fui algumas vezes a Belgais e vim sempre entusiasmado com o que vi e ouvi, apesar de a estrada de acesso estar cheia de buracos, o que tornava a viagem algo complicada, inicialmente.
Conheço razoavelmente a escola da Mata, onde já fui algumas vezes em trabalho.
Apreciei o trabalho que lá se fazia com os alunos do primeiro ciclo. Havia boas condições para o desenvolvimento de actividades ligadas à expressão plástica, à música,... Mas já não posso dizer o mesmo sobre a existência de materiais para o desenvolvimento de actividades ligadas à Matemática, por exemplo. A Associação de Belgais criava as condições para o funcionamento das expressões. O resto tinha a ver com a autarquia e com o ministério da educação.


















A Maria João Pires decidiu renunciar à nacionalidade portuguesa. É natural que haja diferentes posições das pessoas em relação a esta atitude. Eu prefiro apreciar o seu trabalho como intérprete e condenar o desaparecimento da Associação Belgais e o Projecto da Escola do 1º ciclo da Mata, que poderia servir de modelo para outras escolas como foi prometido.

9 comentários:

Stalker disse...

A minha posição é outra: a Maria João anunciou que vai fazer qualquer coisa relativamente ao seu passaporte ou nacionalidade. Não está nada confirmado e o que resultou foi imenso ruído à volta de uma situação que não está clara: A presidente da direcção da Associação Belgais anunciou que a mesma vai "fechar". Será que pode anunciar sem perguntar aos associados? Agora anunciou que vai haver uma Assembleia Geral na quarta-feira. Falei com dois associados que não sabem de nada e muito menos foram convocados. O que me dizes ao facto, anunciado pelo Ministério da Educação, de que só foram apresentados comprovativos de 32% de despesas?
Para terminar, repara que se Belgais recebe 170 mil euros por ano, o custo de replicar o projecto em outras escolas seria imenso. Relembro-te, por exemplo, que o custo anual do programa Crescer com a Música, que levava aulas de música a todas as escolas do 1º Ciclo do concelho, era de aproximadamente 100 mil euros/ano.
Um abraço

Paco disse...

O ruído que se gerou à volta do anúncio da Maria João parece ter sido precipitado. Talvez seja melhor esperar para ver.
Quanto à Associação Belgais penso que os associados têm de se pronunciar, ou então, as decisões da presidente não têm valor legal.
Os valores envolvidos no projecto não têm só a ver com a escola. Julgo haver outras valências.
Qualquer projecto que se desenvolva tem de apresentar contas e os deputados do PCP que apresentaram um requerimento ao governo sobre o assunto puseram bem a questão: "É preciso saber que avaliação faz o Governo do projecto a que atribuiu um financiamento de 170 mil euros anuais e, no contexto actual, que medidas está disposto a tomar para salvar o projecto educativo em causa, sem prejuízo do apuramento das responsabilidades a que eventualmente haja lugar pela gestão ou administração do mesmo."
A continuação deste projecto não deve invalidar a existência de outros. Terá, talvez, de haver uma gestão profissionalizada.
Um abraço
Paco

Stalker disse...

Os valores têm que ver com a escola, o Coro, workshops e não sei se as residências na escola se mantêm no protocolo.
Tem razão o PCP ao exigir a clarificação sobre a avaliação que o ME faz do projecto.
Razões pessoais não me tornam imparcial nesta questão, mas a minha ideia é a de que o projecto personificado por Maria João Pires, Belgais, terá iniciado uma curva descendente a partir do final de 2005 e em 2006 essa linha foi sendo confirmada. A minha mulher trabalhou com o Coro até Setembro de 2007, antes de ser "empurrada" para fora, exactamente pela actual presidente da direcção e ela foi vivendo nesse período (2006/2007) as dificuldades e o definhar do projecto.
Para mim, é um projecto que já não faz qualquer sentido, perdeu o referencial e, quanto a sutentabilidade e à forma como é gerido, acho que os factos falam por si.
Abraço

El Che disse...

Pois em relação, a este projecto não ter tido continuação devido à falta de dinheiro, não pode ficar por aí. Na minha opinião há algumas questões que nós contribuintes, podemos e devemos colocar. Nomeadamente, que dinheiro foi lá investido? De onde provinham esses fundos? Do orçamento de estado? De fundos europeus? E agora? Não há responsabilização? Tudo passa a limpo?
Enfim, isto é mais um caso de (des)fiscalização, de dinheiro que é de "todos" ser utilizado sem o mínimo de responsabilidade. Creio que este assunto deveria ser resolvido, e seu resultado tornado público.

Relativamente a essa sra. querer mudar a nacionalidade, como devem calcular pelas minhas ideias acima expostas, que me é totalmente secundário nesta questão. É uma excelente artista, teve uma ideia e conseguiu pô-la em prática (notável!). Mas isso não impede que se apure responsabilidades.


P.S.: É a primeira vez que aqui escrevo, mas não é a primeira que aqui venho. Parabéns e boa continuação.

Anónimo disse...

Como já alguem reclamou: se não me atribuirem uma ferrari, mudo de nacionalidade!

José Matos disse...

Para o anónimo do Ferrari:
O que disse é uma vacuídade.
Falar assim é negar uma discussão séria. É avacalhar a dicussão de um problema muito sério...
José Matos

Anónimo disse...

Em todo este caso muitas questões estão ainda por responder.
Quanto é que Stalker e a esposa auferiam mensalmente no projecto Belgais? E quanto ganhavam os quadros com a mesma responsabilidade no Crescer com a Música?
Quanto custou a Coupe Mondial de Acordeon (2005) e de quem foi a ideia desse projecto, uma vez que Maria João Pires já estava no Brasil. Foi, ou não, a partir da Coupe que Belgais começou a ter problemas de tesouraria?

José Matos disse...

Não é a primeira vez que em conversa a Coupe aparece como sendo a "gota" que fez vazar o copo. O evento foi em Belgais.
Sem querer falhar, a Coupe envolveu a Câmara, o Conservatório e Belgais e ao que se diz,teve ajudas financeiras. Houve patrocínios? Quem recebeu o quê?
Como se processaram as contas?
São elementos importantes.
Será que as "costas" de Belgais serão assim tão "largas" para aguentar com tanta carga?
José Matos

Anónimo disse...

Muito bem observado, José Matos. Ao que parece nesta história da coupe uns colheram os louros, outros arcam com as despesas. É inaceitável.