19/01/2009

A greve dos professores

O Ministério da Educação sofreu hoje mais uma derrota, se a questão se pode pôr nestes termos. O que é certo é que a adesão dos professores à greve se cifrou num número próximo dos 90%. Pode ser mais ou pode ser menos, o que é certo é o descontentamento dos professores com a política do governo Sócrates/Mª de Lurdes Rodrigues para a Educação. Não faz sentido manter esta política de desvalorização da Escola Pública e dos Professores. Não é possível, podem os "papagaios de serviço" dizer o que quizerem, fazer uma reforma contra a grande maioria (está à vista) daqueles que vão ser os executores dela. Estes nunca se identificarão com ela.
Mais uma vez é preciso dizer que o que está em causa não é avaliação dos professores. O que está em causa é o ESTATUTO DA CARREIRA DOCENTE. Os professores recusam essencialmente uma carreira dividida em duas: professores titulares e não titulares. Profissão existe apenas a de PROFESSOR.
Se a nível nacional muitas e muitas escolas encerraram devido à greve e os responsáveis do ME a quererem ignorar o que aconteceu, no distrito de Castelo Branco, os valores andaram muito perto dos nacionais, com muitas escolas encerradas.
Aí vai um comunicado da Plataforma Sindical de Professores:

ADESÃO ELEVADA (SUPERIOR A 90%) DEIXA DISTRITO DE CASTELO BRANCO PRATICAMENTE SEM AULAS

Forte determinação dos Professores e Educadores em exigir um outro Estatuto da Carreira Docente e uma avaliação do desempenho pedagógica e cientificamente correcta, exequível e justa

A Greve Nacional que os docentes estão hoje a realizar é uma das maiores e mais significativas da história do movimento reivindicativo docente.

Apesar das ameaças e da chantagem exercida sobre professores e educadores por este governo/Ministério da Educação (ameaças de exoneração, processos disciplinares, demissões...) foram muito poucos os que se deixaram levar pelo receio de represálias e imensos os que decidiram manter a unidade e determinação que têm vindo a revelar em inúmeros actos públicos.

Uns e outros, contudo, mantêm-se disponíveis para rejeitar este modelo de avaliação e para defender um outro modelo, negociado, pedagógica e cientificamente correcto, exequível, que tenha em conta a melhoria da qualidade de ensino e das aprendizagens e não, como o que foi imposto pelo ME, economicista e levado pelo único interesse de impedir, bloquear, cortar as possibilidades de progressão e valorização profissional dos docentes.

A enorme adesão à greve na região centro é manifestada pelo elevado número de escolas e jardins-de-infância sem aulas e pela manutenção de níveis globais de adesão idênticos aos verificados em 3 de Dezembro.

Nesta luta, pela sua determinação e envolvimento, dirigimos uma enorme saudação a todos os docentes portugueses. Como em Dezembro passado, os professores não desistem dos seus objectivos e para as suas exigências claras esperam respostas inequívocas e simples: suspensão da avaliação do desempenho e o fim da fractura artificial da carreira docente, a negociação de um modelo de avaliação capaz de valorizar o desempenho docente e de apoiar a transformação positiva da escola pública, o fim da prova de ingresso na profissão e horários pedagogicamente correctos, caso contrário, podemos afirmar com convicção: a LUTA TERÁ DE CONTINUAR.

No distrito de Castelo Branco a concretização da greve foi idêntica aos valores já anunciados a nível nacional. As organizações sindicais estimam que a adesão se situe acima dos 90%. Alguns exemplos:

No concelho de Belmonte todos os estabelecimentos de ensino do Pré-escolar e 1º Ciclo encerraram. Na EB 2,3/S Pedro Álvares Cabral não fizeram greve 6 professores.

Em Castelo Branco, na Escola Secundária Amato Lusitano só 5 professores deram aulas e a adesão foi superior a 92%; A Secundária Nun’Álvares teve 71% de professores em greve; na EBI Cidade Castelo Branco não houve aulas, bem como em 5 dos seus Jardins de Infância e escolas do 1º Ciclo. A adesão global do agrupamento situou-se nos 91,5%; na EBI João Roiz só 3 professores não fizeram greve numa adesão de mais 93% e não funcionaram as actividades lectivas; também na EBI S. Vicente da Beira (em todos os ciclos de ensino) e em metade dos seus jardins de infância e EB1 não houve aulas; no agrupamento de Alcains só funcionaram 2 Jardins de Infância e o 1º Ciclo registou uma adesão superior a 80%; no agrupamento Faria de Vasconcelos, em 5 EB1 e Jardins de Infância só 1 professor não aderiu à greve.

Na Covilhã, a Escola Secundária Frei Heitor Pinto registou uma adesão de 91%; a Quinta das Palmeiras 78% e a Quinta da Lageosa só um professor não aderiu à greve; no Agrupamento de Escolas Pêro da Covilhã só não encerrou um Jardim de Infância e no 1 Ciclo a adesão foi na ordem dos 88% com a esmagadora maioria das escolas fechadas. A sede do agrupamento teve uma adesão de 91% e não houve condições para o funcionamento de aulas; no Agrupamento do Paul, todos os estabelecimentos sem aulas e só um professor não aderiu (o 1 Ciclo e o Pré-escolar 100% de adesão); no agrupamento do Tortosendo a adesão na EB 2,3 situou-se nos 94% e no total do agrupamento foi de quase 90% encontrando-se a generalidade dos estabelecimentos do 1º Ciclo e do Pré-escolar encerrados; no Agrupamento do Teixoso a realidade é idêntica e só leccionaram, no 1ºCiclo e no pré-escolar 2 professores. Na EB 2,3 a adesão foi cerca de 71,4%. No agrupamento “A Lã e a Neve” encerraram todos os estabelecimentos com excepção de um Jardim que funcionou a 50% e uma EB1. Na EBI S. Domingos só não aderiram à greve 4 professores.

No concelho do Fundão, na EB 2,3 João Franco a adesão situou-se nos 88% e só funcionaram 2 Jardins de Infância e 1 EB1; no Agrupamento Serra da Gardunha a adesão global foi de 85%, dos 12 Jardins de Infância 11 encerraram e relativamente às EB1 das 16 funcionaram 2 escolas, mas com uma adesão à greve superior a 50%; em Silvares na EB 2,3 a adesão foi próxima dos 70% e só funcionou 1 escola do 1º Ciclo.

Na Idanha-a-Nova encerraram todos os Jardins de Infância, só houve aulas em 2 escolas do 1º Ciclo e na EB 2,3 aderiram 70% dos professores.

Em Oleiros na EB 2,3/S só não fizeram greve 3 professores e no 1º Ciclo e no Pré-escolar só 6 compareceram às aulas.

Em Penamacor Encerraram todos os estabelecimentos de ensino com excepção de uma EB1 e de 1 Jardim de Infância.

Em Proença-a-Nova só 1 Jardim de Infância e duas EB1 não encerraram. A escola Sede teve 54% de adesão.

Na Sertã a EB 2,3 P. António L. Farinha teve quase 90% de adesão, a EBI situou-se nos 80% também encerraram 11 EB1 e Jardins de Infância.

Em Vila de Rei a adesão foi de cerca de 80 % nos 2 estabelecimentos de ensino do concelho e a EBI Centro de Portugal não teve actividades lectivas.

Em Vila Velha de Ródão só funcionou um Jardim de Infância e não houve aulas em mais nenhum outro estabelecimento de ensino.

Os Sindicatos da Plataforma Sindical dos Professores

Sem comentários: