10/01/2009

O ME e os Professores

A polémica em torno do ESTATUTO DA CARREIRA DOCENTE do ministério da educação continua e teve alguns desenvolvimentos e vai continuar a ter na próxima semana.

No passado dia 8 (quinta-feira) a Assembleia da República chumbou por apenas um voto dois projectos de lei que propunham a suspensão da avaliação dos professores. A maioria dos deputados do PS perdeu uma óptima oportunidade de resolver um problema que está a pôr em causa o ano lectivo.

Lídia Jorge, que é sobejamente conhecida, escreveu no Público de sexta-feira, dia 9, um texto notável sobre "Educação: os critérios da excelência". Vale a pena transcrever algumas das suas afirmações:
O Ministério da Educação "Errou ao criar, de um momento para o outro, duas categorias distintas, quando a escola portuguesa não se encontrava preparada para uma diferenciação dual. A escola portuguesa tinha o defeito de não diferenciar, mas tinha a virtude de cooperar. O prestígio do professor junto dos alunos e dos colegas (...) era a medida da sua avaliação."
Mais à frente afirma "... a equipa do Ministério da Educação resolveu criar um quadro de professores titulares, a esmo, à força e à pressa." E ainda "No afã de encontrar a excelência, em vez de se aplicar critérios de escolha pedagógica e científica, aplicaram-se critérios administrativos,..."
Continuando a ler o seu artigo afirma Lídia Jorge que "Era preciso inaugurar nas escolas uma cultura de responsabilidade (...) Mas aí, de novo, a equipa do Ministério da Educação funcionou mal. Se os campos de avaliação do desempenho dos professores estão mais ou menos fixados, e começam a ser universais, os parâmetros em questão foram pensados por mentes burocráticas sem sentido da realidade, na pior deturpação que se pode imaginar em discípulos de Benjamin Bloom, porque um sistema que transforma cada profissional num polícia de todos os seus gestos, e dos gestos de todos os outros, instaura dentro de cada pessoa um huis clos infernal de olhares paralisantes. Ninguém melhor do que os professores sabe como a avaliação é um logro sempre que a subjectividade se transforma em numerologia. Claro que não está em causa a tentativa de quantificação, está em causa um método totalitário que se transforma num processo autofágico da actividade escolar."
Sobre Maria de Lurdes Rodrigues afirma "Depois de ter tido a capacidade de pôr em marcha uma mudança estrutural indispensável para a modernização do ensino, acabou por não ser capaz de ultrapassar o desprezo que desde o início mostrava ter em relação aos professores. E, no entanto, numa política de rosto humano, seria justo voltar atrás, reparar os estragos, admitir o erro sem perder a face. Ou simplesmente passar o mandato a outros que possam reiniciar um novo processo."
Infelizmente a equipa do ME continua a persistir no erro e de cada vez que fala, como diz Mário Nogueira, representante dos professores, "é no sentido de agravar o conflito (com os professores) e deitar mais achas para a fogueira."

Na próxima semana, os professores, no DIA 13 DE JANEIRO, terça-feira, terão uma JORNADA NACIONAL de Reflexão e de Luta, em que discutirão, em reuniões realizadas nas escolas:

- A Revisão do Estatuto da Carreira Docente e suspensão do modelo de Avaliação do Desempenho
- A Greve Nacional de 19 de Janeiro e acções a realizar, de âmbito local
- Aprovação de tomadas de posição

1 comentário:

Anónimo disse...

Já a li e considero uma peça notável. Muito bem escrita ou não fosse Lidia Jorge uma notável escritora, que também é professora. Vou recomendar a sua leitura aos meus amigos e pessoas conhecidas.É uma voz importante a defender a razão dos professores.
Carlos Vale