10/04/2009

Coltan - o ouro negro

O meu amigo Carlos Vale publicou, em 17 de Fevereiro de 2009, no jornal "Povo da Beira", um artigo notável cujo título era "Coltan e os direitos humanos".
Impõe-se, desde já, uma pergunta: O que é o coltan? Vou transcrever o artigo que refiro: "(...) Imagine os computadores, condensadores, vídeoconsolas, ordenadores portáteis, plasmas, GPSs, chips e toda a panóplia de instrumentos e dispositivos que a indústria electrónica produz. Imagine a diversidade e complexidade tecnológica das indústrias médicas, armamento, aeronáutica, espacial e, (...).
Imagine que, para esta tecnologia funcionar, é essencial utilizar um material que resulta da combinação de dois minerais chamados columbite e tantalite a que se dá o nome de "coltan" (col+tan)"



















Os principais produtores mundiais são a Austrália, o Brasil e essencialmente a República Democrática do Congo (ex-Zaire) que possue cerca de 80% das reservas mundiais, numa zona que faz fronteira
com o Ruanda e o Uganda.
Estes dois países, não sendo produtores, são dois dos principais exportadores deste produto que é importado por empresas conhecidas de países capitalistas como os Estados Unidos, Bélgica, Alemanha, Holanda e Cazaquistão e onde é refinado e preparado e utilizado na produção de todo o tipo de máquinas, instrumentos e equipamentos referidos anteriormente.
Como é que o Ruanda e o Uganda entram neste negócio? Invadiram o vizinho Congo, ocuparam amplas parcelas do seu território, provocaram uma guerra que dura desde 1996 e já provocou mais 5,5 milhões de mortos (uma média de 45 mil por dia). No artigo de C. Vale afirma-se "Diariamente são violados os mais elementares direitos das populações, com a aplicação do trabalho forçado e da mão obra infantil, incluindo crianças de sete, oito anos, que são forçadas a deixar a escola para escavar as minas, chegando a juntar famílias inteiras, que são brutalmente exploradas."










É evidente que onde há guerra, há negociantes de armas que estão interessados em manter a guerra. Mas os "ocidentais" que enchem a boca diariamente com os direitos humanos alimentam esta matança porque as empresas que utilizam o coltan nas suas produções negoceiam a compra do precioso mineral com os bandos armados que beneficiam com esta situação.
Citando mais uma vez o artigo referido "Imagine o leitor, o que se passa no terreno da exploração deste precioso minério, que tanta falta faz à humanidade. Imagine famílias inteiras, avós, pais, filhos e netos, (...) condenados a trabalhar forçadamente, em condições que violam os direitos humanos (...)."
"Custa a crer que em pleno século XXI hajam situações de barbárie como esta que, estou certo, todos nós condenamos e que é, escandalosamente, uma situação que envergonha o mundo, particularmente a ONU que, estando no terreno, é incapaz de alcançar uma solução digna e justa (...)".







Terminando: "É dever de todos nós exigir aos organismos internacionais, aos países envolvidos directa ou indirectamente, às empresas mais interessadas e dependentes do minério, uma solução digna e justa que ponha fim ao sangrento conflito".

A defesa dos direitos humanos não pode apenas ser um slogan, é preciso mostrar na prática a sua defesa.

1 comentário:

Viriato disse...

Já tinha lido.É um belo artigo.
E saíu num jornal local.
Que é raro referir-se a assuntos internacionais. E este referia os direitos humanos.
Temos uma imprensa local muito pobrezinha. Tanto papel para tão pobre conteudo.
O lema é não fazer ondas!
Como estamos na quadra Pascal:
Perdoai-lhes senhor...
Viriato