09/03/2011

As Scuts, as portagens e as promessas

O meu amigo Carlos Vale deixou sobre as portagens dois comentários que eu vou transcrever com algumas alterações e que dão bem a imagem dos "vendedores de promessas" que habitam as autarquias e o governo.

Cartaz eleitoral do PS em 2005:

"Não às Portagens".
Palavras de Sócrates à Lusa em 30 de Setembro de 2006:"A A25, que a partir de hoje liga Aveiro a Vilar Formoso, não terá portagens pagas pelos utilizadores até a região que atravessa atingir os indicadores socioeconómicos do resto do País". Afirmou ainda: "É uma forma de solidariedade nacional para com o desenvolvimento do interior". E mais: "Se esta região do interior do país tivesse indicadores de desenvolvimento iguais à média nacional não havia motivos para não ter portagens pagas".

O Programa deste Governo afirma: "Quanto às Scuts, deverão permanecer como vias sem portagem, enquanto se mantiverem as duas condições que justificaram, em nome da coesão nacional e territorial:i)localizarem-se em regiões cujos indicadores sejam inferiores à média nacional;e ii)não existirem alternativas de oferta no sistema rodoviário".


Podíamos continuar a lembrar outras declarações iguais, que não esgotaríamos o reportório. É hoje claro que faltando à palavra dada e aos compromissos que assumiu, decidiu impor o pagamento de portagens. Ignorou, um a um, os critérios que ele próprio tinha estabelecido. Ignorou a não existência de vias alternativas. Ignorou que o tempo do percurso alternativo não pode ser superior a 1,3 vezes ao tempo do percurso Scut(no caso da A23não há alternativa). Ignorou que o poder de compra per capita da maioria dos concelhos servidos pelas A23, A24 e A25 fica muito distante dos 90% da média nacional. Escamoteou que os estudos encomendados pela Estradas de Portugal recomendam claramente que não sejam introduzidas portagens nestas Scuts. Pelo contrário, as portagens agravam os indicadores actuais e aumentam o custo de vida e causam dificuldades às empresas. Mais, o preço que vai ser aplicado, é superior ao que é aplicado na A1 que liga Lisboa ao Porto!
Tudo isto é revelador de como Sócrates e Governo mentiram ao país. Na hora das eleições prometem e depois dão o dito por não dito.
Mentem e enganam despudoradamente. Para esta gente,qual é o valor da palavra dada?
Não merecem confiança.
Carlos Vale
- 6 de Março de 2011

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AnónimoOutro comentário de Carlos Vale sobre as portagens na A23, que dá uma imagem real do que valem as promessas para alguns senhores que se sentam nas cadeiras do poder autárquico. São pequenos títeres, que prometem fazer aquilo que sabem não vão cumprir. Estes exemplos são suficientes para mostrar àqueles que votam em promessas, que os seus autores, na primeira esquina voltam atrás e dão o dito por não dito. Já o disse e volto a dizer: com gente sem palavra nunca mais andamos para a frente.

Ainda a propósito das Portagens na A23 e, do dito pelo não dito de Sócrates e Governo PS, vou lembrar declarações de alguns presidentes de Câmara do PS no distrito de Castelo Branco:

J.Morão, Castelo Branco:"A nossa posição é muito clara:somos contra. Quando a auto-estrada foi construída foi-nos dito que não teria portagens. Esta auto-estrada é fundamental para o repovoamento e desenvolvimento do Interior. Porem-lhe portagens é andar para trás. Seremos novamente penalizados. E, nessa circunstância, a perspectiva de melhoria que a auto-estrada nos trouxe pode ficar seriamente comprometida".


Álvaro Rocha, Idanha-a-Nova:"Não devem ser os residentes a ser descriminados positivamente, mas, sim, a região. O surgimento das portagens não ajuda a desenvolver uma região que quer impor-se pelas suas belezas paisagísticas no campo do turismo. E, por isso mesmo, representa um passo atrás. A questão já parecia arrumada. A confirmar-se o cenário de portagens, verificar-se-à a contestação de toda esta região".

Maria do Carmo Sequeira,Vila Velha de Ródão: "Lamento que o Governo não assuma as suas responsabilidades. Que diga hoje uma coisa e, amanhã, exactamente o contrário. Isso é lamentável. As pessoas, e especialmente os autarcas não podem ser complacentes com um comportamento que revela falta de consideração pelas populações, nomeadamente da Beira Interior. Para quem conhece a realidade de um concelho como o meu esta ideia é incompreensível. Há mais de um ano que digo que não foi construída a via paralela à A23 que pudesse ligar as populações. Não é com uma estrada onde nem um tractor passa que se dá uma alternativa às pessoas. Primeiro construam as alternativas-que já deviam estar feitas - e depois então pensem nessa ideia. Nem sequer aceito o facto de se falar sobre isto, quando essas alternativas não estão asseguradas"(Povo da Beira 14/9/2004).

São palavras que a maior parte dos cidadãos subscrevem hoje, porque são actuais. Mas, os cidadãos atentos, constatando o silêncio sepulcral actual, perguntam:
Se os pressupostos de ontem estão absolutamente actuais, qual é a razão porque essas vozes estão caladas? Qual o porquê deste silêncio? Será que engrossaram as fileiras dos que dizem uma coisa hoje e amanhã o contrário?
Parece não haver dúvidas...
A mentira é uma epidemia que mina os alicerces da sociedade.
O desastre está à vista.

3 comentários:

João de Sousa Teixeira disse...

Saúdo com muito agrado este post protagonizado pelo Carlos Vale.

O Carlos é oportuno, conciso e esclarecedor.

Para quem tem memória curta, é o esclarecimento que se impõe.

Um abraço para os dois
João

Anónimo disse...

Ainda bem que há pessoas que não desistem de denunciar.
E denunciam com as próprias palavras dos trafulhas.
Louvo as pessoas que não desistem e que as guardam para lembrar quando é preciso.
Até eu, que ando apagado e deixei de aparecer, senti-me acicatado a desabafar. E, senti-me melhor.
É verdade que dizem e desdizem.
Uns trafulhas.
Viriato

Paco disse...

Caro Viriato

Nos tempos que correm não podemos desistir. Como tem acompanhado certamente, todos os dias aparecem medidas novas que atingem os mesmos de sempre.
A desvergonha é tanta que até já há comentadores e economistas de serviço que acham que é demais serem sempre os mesmos a pagar. Já ouvi um a dizer que há 1/3 de portugueses que ainda não pagaram nada e mais uma vez vão ficar livres dos sacrifícios.
Perante situações destas não podemos calar-nos. O que nos resta é a denúncia e a luta.

Obrigado pelo incentivo e apoio que é muito importante.

Um abraço

Paco