14/03/2011

As Scuts, as portagens e a memória

Para que serve a escrita?

Respondendo à pergunta anterior eu diria que serve essencialmente para registar aquilo que é fundamental não esquecer.
Parece que o nosso povo tem a memória curta. Não é preciso relembrar o que se tem passado nos últimos 35 anos, para que a afirmação tenha justificação.
Em 1998 foi aprovado o Plano Rodoviário Nacional (PRN) e criada uma taxa especial que corresponde a cerca de 20% do ISP (Imposto sobre os Produtos Petrolíferos) para a sua execução.

Por outro lado, também foi criado um suplemento sobre o mesmo imposto, pago pelos consumidores quando vão meter combustível nos seus carros, para o pagamento das Scuts.
Mas como os portugueses têm a memória curta e esquecem-se depressa das promessas, das mentiras e das obrigações, os mesmos de sempre (os que têm desgovernado e afundado este país há mais de 30 anos - PS, PSD, CDS-PP) inventaram uma segunda maneira de pagar as Scuts - introduzir portagens a serem pagas, mais uma vez por nós, os pagantes, sempre os mesmos.


Curiosamente, eles não se esqueceram. Numa busca, pela internet, fui dar com um texto de um deputado do PS da Assembleia Municipal da Covilhã, onde esse sr. confessa que as portagens na A23 são dupla tributação. Mas eles estão-se nas tintas. Os boys é que não podem ficar sem tacho.
Aqui fica um extracto do texto:

"..., centralizo a minha opinião, em relação ao lançamento de portagens na A23, nos aspectos quantitativos da mesma, até porque em relação aos qualitativos muita tinta tem corrido nos jornais. Para os que conhecem minimamente os Project-Finance em que assentam as Concessões em regime SCUT, é discutível o impacto financeiro da introdução de portagens para o O.G.E. Digo isto, porque a introdução das mesmas representará (no fundo) o pagamento de uma renda garantida pelo Estado à Concessionária, a qual por sua vez se comprometerá a manter as auto-estradas disponíveis e em boa manutenção. O que muda fundamentalmente, é que no regime actual regime as Concessionárias também recebem uma renda, mas que é indexada ao volume de tráfego. De forma muito simplista: o Estado pagará sempre, com ou sem automóveis.

Não menos importante é a dupla tributação a que vamos estar sujeitos, pois convirá recordar que uma parte do Imposto Sobre Produtos Petrolíferos se destinava à conclusão do Plano Rodoviário Nacional, pelo que nesta lógica, todas as populações abrangidas pelas SCUTS terão de pagar 2 impostos sobre o mesmo produto (disponibilidade da auto-estrada): a portagem e o imposto que pagamos quando abastecemos as nossas viaturas."

O mais trágico disto tudo é que estes senhores estão contra as portagens em privado e quando têm de tomar posições públicas não têm a coragem de se oporem ao "chefe" defendendo os interesses do interior, do distrito e das populações. A introdução de portagens nas scuts do interior será absolutamente demolidor para a economia da região e conduzirá muitas empresas ao desaparecimento. Bem podemos dizer que são os coveiros do interior.

2 comentários:

João de Sousa Teixeira disse...

Não é só a memória que é curta. Ás vezes é a "verdade" que é elástica: serve o tamanho que se quer dar.
Não tarda, tirarão de novo esses textos da gaveta, para os exibir, quais arautos e defensores dos direitos dos cidadãos.
Como dizia o outro, é preciso ter sempre um olho no burro, outro no cigano.

Abraço
João

Anónimo disse...

Eu já disse: São trafulhas.
É com gente como esta, sem vergonha, que o país está como está. É preciso mudar. Mas, não é o PSD, com coelhos ou com barões, que se consegue mudar. Isso, seria trocar trafulhas por outros trafulhas.
Viriato