05/05/2011

O Primeiro- ministro diz que é um bom "acordo"

Primeira questão: o que é um acordo?
-Parece ser o resultado de uma negociação. Aqui não houve negociação. Houve imposição da "Troika". Definiram o programa e o Governo aceitou sem tugir nem mugir a intervenção externa.
Segunda questão: conteúdo do acordo
Vejamos de uma forma sintética o conteúdo do "acordo":

1. congelamento dos salários e das progressões nas carreiras na administração pública, pelo menos até 2013;

2. redução das deduções das despesas com a saúde, a educação e a habitação no IRS;

3. manutenção dos cortes salariais, do roubo no abono de família e do aumento dos descontos para a CGA, em vigor desde Janeiro;

4. aumento do IVA em bens essenciais e das taxas moderadoras;

5. redução das compartições da ADSE em consultas, diagnóstico e medicamentos ;

6. eliminação das isenções do IMI, aumento deste imposto e dos valores matriciais das habitações [além do fim das isenções é um duplo aumento do imposto]

7. encerramento de mais escolas e continuação da constituição de mega-agrupamentos com a consequente redução do número de professores e educadores;

8. cortes no orçamento da educação e da saúde [a somar aos cortes já efectuados com o Orçamento de Estado para 2011]

9. agravamento dos impostos na factura da electricidade e do gás.

Este conjunto de medidas supera, na vida das famílias, o valor do subsídio de férias ou de Natal.

Tudo isto em simultâneo com decisões a favor de quem devia e podia pagar:

a banca e os grandes grupos económicos não pagam nem mais um cêntimo; o Estado vai assumir os prejuízos originados com as vigarices no BPN; do total dos 78 mil milhões do "empréstimo", 12 mil milhões vão para a banca, a que se juntam mais 35 mil milhões em garantias que o Estado (o tal que precisava da ajuda dos bancos!!!) vai dar aos bancos.

Estas medidas fazem com que sejam os mesmos do costume a pagar os problemas e dificuldades do país – pagam aqueles que vivem do seu trabalho.

Depois disto tudo digam lá para quem é um bom "acordo". Se não fosse um bom "acordo", onde é que íamos parar?

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