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A informação é imprescindível para podermos escolher o que nos interessa. É exactamente para podermos escolher o nosso futuro que deixamos aqui o texto da MOÇÃO DE CENSURA AO GOVERNO que o PCP levou ao Parlamento e que foi discutida na passada quinta-feira, dia 4 de outubro:
CONTRA O
RUMO DE DECLÍNIO NACIONAL
POR UM FUTURO MELHOR PARA OS PORTUGUESES E PARA O PAÍS
POR UM FUTURO MELHOR PARA OS PORTUGUESES E PARA O PAÍS
I
Após mais de
um ano de Governo e de aplicação do pacto de agressão, ao povo e ao país, que
constitui o memorando preparado e assinado com a União Europeia e o FMI pelo
Governo PS, subscrito por PSD e CDS e posto em prática pelo atual Governo, a
situação nacional é desastrosa. Enquanto se continua a beneficiar o grande
capital e os seus grupos monopolistas, agravam-se todos os problemas
fundamentais da sociedade portuguesa e, mais do que isso, tornam-se mais
difíceis as condições para os resolver. No quadro da crise do capitalismo em
que se enquadra este pacto de agressão, Portugal vive uma situação de
destruição económica e desastre social – menos riqueza criada e distribuída de
forma ainda mais desigual – que corresponde a um declínio acentuado e acelerado
da nossa sociedade.
O projeto de
regressão económica e social e de amputação da soberania aplicado pelo Governo
PSD/CDS está a destruir o país.
É um
programa que tudo agrava e nada resolve.
Provoca uma
recessão económica cada vez mais profunda, fazendo recuar a economia para
níveis de há sete anos atrás, destruindo vastos sectores de atividade,
depauperando ainda mais o setor produtivo e estrangulando as micro, pequenas e
médias empresas. A falta de crédito à economia, a manutenção de elevados custos
de produção (designadamente energia, combustíveis e telecomunicações), a
destruição do poder de compra das famílias com a retração violenta do mercado
interno, a que se acrescenta um severo abrandamento das exportações, deixam a
economia nacional cada vez mais fragilizada e dependente.
Com a
recessão agrava-se brutalmente o desemprego, a atingir mais de 1 milhão e 200
mil trabalhadores, sem perspetivas de real diminuição, agravado pela falta de
proteção social que decorre, por exemplo, do facto de menos de 300 mil destes
trabalhadores (menos de um quarto), terem acesso ao subsídio de desemprego.
A par disso,
o custo de vida aumenta cada dia que passa, nos preços dos bens e serviços
essenciais (água, eletricidade, gás, alimentação, transportes), nos impostos
sobre os trabalhadores e a população, ou nas taxas cobradas pelos serviços
públicos.
Esta
situação de enorme gravidade está a causar um grande aumento da pobreza e da pobreza
extrema, que nenhuma política que promova a caridade pode disfarçar ou
resolver, em simultâneo com um novo e acentuado fenómeno de emigração de muitas
dezenas de milhares de portugueses.
Prossegue uma sistemática delapidação da riqueza nacional, não só com o desperdício de recursos humanos altamente qualificados, no desemprego ou na emigração, mas também com a alienação de importantes ativos do país no processo de privatizações, a que acresce a perda de instrumentos fundamentais para a economia e para a prestação de serviços essenciais à população.
Prossegue uma sistemática delapidação da riqueza nacional, não só com o desperdício de recursos humanos altamente qualificados, no desemprego ou na emigração, mas também com a alienação de importantes ativos do país no processo de privatizações, a que acresce a perda de instrumentos fundamentais para a economia e para a prestação de serviços essenciais à população.
II
Mas o
programa em curso é igualmente um deliberado e profundo ataque aos direitos dos
trabalhadores e da população.
Em primeiro
lugar aos direitos laborais, alvo central da política deste Governo, com a tentativa
de, através da alteração da legislação laboral, facilitar e embaratecer os
despedimentos, alterar os horários de trabalho, atacar a contratação coletiva e
o papel dos sindicatos ou generalizar a precariedade. É um processo que visa
desproteger os trabalhadores, sujeitando-os a uma crescente arbitrariedade, bem
como diminuir rápida e significativamente os salários - num país em que 1/3 dos
trabalhadores ganha menos de 600 euros -, para o que contribuem a cada vez
maior restrição no acesso ao subsídio de desemprego e os cortes nos vencimentos
mensais e nos subsídios de férias e de natal.
Mas também
nas funções sociais do Estado com: a desagregação em curso do Serviço Nacional
de Saúde, o encarecimento e a crescente dificuldade no acesso aos cuidados de
saúde, através do aumento das taxas moderadoras, dos medicamentos, do pagamento
dos transportes de doentes, da demora para exames, tratamentos e cirurgias, do
encerramento de unidades e diminuição dos seus horários, entre outras medidas;
o ataque à escola pública através do despedimento de professores e funcionários
não docentes, da mega concentração das escolas e de um processo de
empobrecimento curricular e pedagógico; a progressiva elitização do ensino
superior, com o aumento das propinas e a ausência de uma verdadeira ação social
escolar; a negação ou a diminuição de prestações sociais a centenas de milhares
de pessoas, num caminho inverso ao das crescentes necessidades criadas pela
crise e em que progressivamente se procura disfarçar a retirada de direitos com
assistencialismo exacerbado, aliás de reduzido efeito concreto nos problemas
sociais de fundo.
A política
em curso penaliza gravemente as novas gerações de trabalhadores, sujeitas de
forma agravada ao desemprego, à precariedade, ao ataque a direitos
fundamentais, a uma política que provoca uma baixa dos salários e empurra
milhares para a emigração.
É grave
igualmente a situação dos reformados e pensionistas, do sector público e do
privado, cujas reformas e pensões, na sequência de uma vida de trabalho, se
mantém na sua maioria abaixo do limiar de pobreza e que enfrentam o aumento do
custo de vida e o encarecimento do acesso a direitos essenciais como a saúde ou
a habitação.
Isto
enquanto se conduz um profundo ataque à segurança social pública, aumentando-lhe
as responsabilidades (designadamente para favorecer os grupos económicos como
no caso da transferência dos fundos de pensões da banca) sem lhe atribuir os
recursos, desperdiçando importantes receitas com a manutenção de milhares de
milhões de euros de dívidas por cobrar, utilizando receitas provenientes das
contribuições dos trabalhadores para fins que deviam ser suportados pelo
Orçamento do Estado e preparando o caminho para a entrega ao sector privado de
importantes recursos deste sistema.
Está
fortemente condicionado o direito à habitação, seja por via da ausência de uma
política que a garanta a custos adequados para as famílias, seja pela aprovação
de uma nova e gravosa lei do arrendamento – uma verdadeira lei dos despejos –
seja ainda pela ausência de medidas de proteção dos titulares de crédito à
habitação atingidos pelo desemprego ou por outra redução significativa de
rendimento.
Aplica-se
uma política que trata a cultura como um apêndice, que se corta porque não faz
falta, em vez de a considerar como um elemento estruturante para o
desenvolvimento e a democracia.
O pacto de
agressão, assinado por PS, PSD e CDS, em aplicação pelo Governo, fragiliza o
Estado e as instituições públicas, negando o direito a serviços públicos com
proximidade e qualidade. Prossegue um caminho de afastamento da justiça das
populações, de que o processo de encerramento de dezenas de tribunais é
exemplo, e de degradação da sua credibilidade. Mantém situações de grande
instabilidade nas forças de segurança, pondo em causa o direito à tranquilidade
pública que assiste a todos os portugueses. Continua a desrespeitar os
militares e as Forças Armadas, restringindo-lhes meios necessários e
cortando-lhes legítimos direitos, ao mesmo tempo que as envolve em missões que
nada têm a ver com o interesse nacional.
Visa a
regressão do Poder Local Democrático, afastando-o das populações, tornando-o
mais opaco, diminuindo a sua democraticidade e coartando a sua autonomia,
nomeadamente através de um sistemático garrote financeiro.
(...)Pode ler-se AQUI todo o texto da Moção.
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