Polis XXI
Estou convencido que uma grande percentagem dos habitantes da cidade de Castelo Branco não são nascidos cá. No entanto, vivem cá há tantos anos, podem dizer que esta é a sua cidade. É o meu caso. Vem isto a propósito da candidatura da câmara municipal ao programa Polis XXI, que prevê um conjunto de intervenções que o presidente pretende sintetizar em "quatro grandes prioridades": as prioridades RE: habitar; qualificar; vitalizar; dinamizar. Depois vai desfiando um rol de acções que pretende executar. No entanto, os cidadãos albicastrenses não foram vistos nem achados para as escolhas do presidente. Também não admira: se ele foge da revisão do PDM como o diabo foge da cruz, também com mais razão foge dos munícipes. É que alguns destes têm o mau hábito de pensar pela sua cabeça e fazer perguntas, que às vezes são incómodas. Também fiquei à espera que, pelo menos alguns albicastrenses opinassem sobre as decisões do sr. presidente Morão.
Como não conhecíamos as intenções, porque o sr. Morão está-se nas tintas para aquilo que os munícipes pensam (ele decide e os albicastrenses têm de aplaudir), temos vindo a procurar informação sobre o assunto, que nos suscitou as seguintes observações:
- Os fundos comunitários que vão financiar o programa são manifestamente insuficientes. Esperamos que as acções que o sr. Morão anunciou (algumas delas achamos que é propaganda) não tenham o mesmo destino que tiveram as do Polis (até hoje ainda não se conhecem as contas e o Polis já acabou há mais de três anos). Ainda se lembram do "countdown" em frente à câmara?
- A peça é toda ela mais uma acção de propaganda, e tudo indica que as intenções anunciadas foram mais uma vez decisões casuísticas, do tipo "vamos fazer isto".
- A primeira é a requalificação de zona envolvente à Estação. O sr. Morão afirma que foi lançado um concurso de ideias e que brevemente a câmara decidirá. Decidirá ou já decidiu? Em que ficamos? A sua afirmação de que "a intervenção urbanística" integra duas passagens desniveladas, para peões (a inferior) e a superior para o tráfego, além de estarem a ser feitas obras no túnel da estação (tudo indica que estão a reforçá-lo), permite-nos afirmar que a câmara já decidiu, não deu cavaco às tropas, ou seja, os munícipes e se prepara para apresentar mais um facto consumado à boa maneira do conceito de democracia e da gestão pós-moderna do sr. Morão.
- As "novas unidades hoteleiras". Um hotel na Devesa. Porque não? Mas "a unidade hoteleira de charme na zona histórica", o que é isso? Será que tem a ver com a cidade virada para o futuro? Mas há uma pergunta que gostaria de ver respondida: vai construir o hotel antes de recuperar e requalificar a zona histórica? É urgente que as condições de habitabilidade das casas sejam melhoradas; é necessário dar vida à zona histórica antes de qualquer hotel. Mas também pergunto: e o hotel que estava previsto para a zona industrial e contra todo o bom senso a Assembleia Municipal aprovou a alteração ao plano de pormenor para que pudesse ser construído? O que lhe aconteceu? Perdeu-se nos caminhos da demagogia e aconteceu-lhe o mesmo que às piscinas aquecidas da Encosta do Castelo? Esqueceram-se dele?
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