19/11/2008

O Interior do interior



Ontem e hoje, por motivos profissionais, tive de me deslocar à sede de dois municípios da nossa zona: Mação e Oleiros.
Percorri parte do concelho de Mação e lá estão as feridas dos fogos florestais dos últimos tempos: os "esqueletos" das árvores e das casas queimadas e que não foram recuperadas. As pessoas, pura e simplesmente, foram-se embora.
Mas a vila é o exemplo típico da desertificação que é a doença típica da nossa região. Na parte central da vila, um número significativo (dezenas) de casas fechadas e algumas abandonadas, a desmoronar-se.
Um grupo de trabalhadores camarários que arranjavam um pedaço de calçada, quando lhes perguntei porque havia tantas casas fechadas, responderam: "A indústria é fraca". É esse o problema, não há trabalho e as pessoas fogem.



Em Oleiros, um professor, quando lhe disse que tinha percorrido dez quilómetros atrás de um camião, sem conseguir ultrapassar, afirmou que, de certeza, durante esse percurso não vi actividade humana, como pessoas a trabalhar nos campos, ou mesmo carros a deslocar-se, o que era verdade. Para ele, a desertificação do interior é inevitável. Nem o poder central, há muitos anos, por opção, nem o poder local, por incapacidade, conseguem combater a desertificação. Para isso, é preciso desenvolver, o que não fazem e o pinhal já é o interior do interior.

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