15/02/2009

A Escola EBI Afonso de Paiva- breve história

A comunicação social local noticiou que a EBI Afonso de Paiva vai ser substituída por uma escola nova, no mesmo local. Nós entendemos que, para entender esta decisão é preciso conhecer a "história" toda.

A Escola EBI Afonso de Paiva existe há 36 anos. Foi construída em 1972 ao abrigo de um acordo luso-sueco e começou a funcionar em 1 de Outubro de 1972, tendo como modelo as escolas suecas,embora designada oficialmente (poucos sabem disto) como tipologia Paiva Brandão. É uma escola com muitos vidros, nada adequada ao clima português. Os vidros tornam-na muito quente no Verão e fria no Inverno.

Admitimos que para os suecos fosse o modelo adequado, porque tinham outros equipamentos que tornavam as escolas confortáveis. Falamos de aquecimento central para o Inverno, que em Portugal se "esqueceram" de acrescentar. Curiosamente não se esqueceram de construir uns estranhos cilindros em betão, que ninguém sabia para que serviam. Acabámos por descobrir que era para os alunos deixarem os esquis quando chegavam à escola no inverno. Já imaginaram: esquis em Castelo Branco? Boa.

O que é inegável, ainda hoje, apesar das tentativas de melhorar as condições de trabalho para alunos e professores, a escola é pouco confortável. Os muitos vidros tornam o calor insuportável.

A IGE (Inspecção Geral de Educação) num relatório de 2001 de avaliação das condições de funcionamento de escolas do Alentejo e Algarve, avalia a EB2,3 D. Martinho Castelo Branco, em Portimão, como uma escola cuja" "arquitectura dos edifícios não está adaptada às condições climatéricas algarvias nem favorece as condições mínimas propiciadoras de um normal clima de trabalho". Acrescente-se condições físicas e acústicas "deploráveis" e problemas de comunicação, segurança e disciplina decorrentes do afastamento entre os vários blocos e conclua-se que a escola está longe de ter a estrutura mais propícia ao ensino."
Entretanto, em 2002/2003 esta escola foi substituída por um complexo novo, com uma arquitectura diferente.

A escola Afonso de Paiva e todas as que foram construídas de acordo com o modelo referido sofrem dos mesmos males, além de um bem mais grave: a cobertura dos telhados em placas onduladas. No distrito de Castelo Branco são, pelo menos mais duas: uma em Alcains e outra na Covilhã. Existe Também uma no Sardoal e outras por esse país fora.


As placas onduladas dos telhados são feitas à base de amianto ou asbesto, que é desde há muito considerado um material perigoso, para quem trabalha ou contacta com os materiais.

"A União Europeia proíbe toda e qualquer utilização do amianto no seu território desde 1 de Janeiro de 2005, estando a sua extracção igualmente proíbida. Os trabalhadores que tenham que lidar com o amianto nas suas actividades de remoção do mesmo estão a especiais condições de trabalho."(retirado de Wikipédia)




A Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto afirma o seguinte (retirado da internet):

"É ainda importante realçar que, os materiais que contêm amianto e estão em bom estado de conservação, não libertam fibras. O perigo ocorre quando o amianto começa a degradar-se, havendo aí o perigo de inalação das fibras. outra forma possível de contacto é através da ingestão da água. Até hoje, ainda não conseguiu provar-se que da ingestão de fibras de amianto não decorra qualquer perigo para a saúde," (retirado da internet)

Quero lembrar que a EBI Afonso de Paiva está em funcionamento há mais de 36 anos. O clima e a utilização produziram os seus efeitos.

Acho que não vale a pena fazer referência às doenças que podem ser causadas pelo amianto. Qualquer leitor pode fazer essa busca na internet. O que nos interessa aqui é assinalar a decisão de fazer uma escola nova em substituição da que existe. Penso que quem tomou a decisão não fez mais que o seu dever e compete-lhes (para isso foram eleitos e não são os únicos capazes de o fazer) tomar decisões que melhorem as condições de vida e de trabalho dos cidadãos. Ao longo destes anos todos (mais de 36) já muitos alunos e professores foram "torturados".


A questão do amianto e das condições de funcionamento da EBI Afonso de Paiva é antiga e já, por diversas vezes, um deputado municipal da CDU alertou para a necessidade de substituição das coberturas dos edifícios. Foi agora. Ainda bem. Eu não digo vale mais tarde do que nunca. Eu digo: devia ter sido há mais tempo se as pessoas ouvissem quem sabe.

1 comentário:

Anónimo disse...

Dizem, lá em Castelo Branco, até na própria escola que vai ser construida uma nova Afonso de Paiva.