ENTRUDO
Com um pouco de jeito, componho três parágrafos sobre o Freeport. Mas não dá: a coisa arrasta-se há tanto tempo, que já nada é verdade, já se têm dúvidas quanto à origem das denúncias, onde pára o dinheiro supostamente subornante, quem são os corruptos passivos e, muito provavelmente, o famigerado outlet nem sequer existe e é tudo uma invenção dos noticiários, tipo “A Guerra dos “Mundos” de Orson Welles.
Com um pouco de jeito, componho três parágrafos sobre o BPN. Mas não dá: Oliveira e Costa, presidente do dito, foi preso em Novembro passado, mas continua presente nos negócios que possui, o Banco de Portugal não encontrou vestígios de fraude fiscal, branqueamento de capitais e burla quando poderia, porque o rabo estava escondido com o gato de fora, Dias Loureiro estava lá mas ninguém o levava a sério e Teixeira dos Santos resolveu comprá-lo com o nosso dinheiro e oferecê-lo à CGD, qual porquinho-mealheiro mas com a ranhura das moedas por baixo.
Com um pouco de jeito, componho três parágrafos sobre os 150 mil postos de trabalho prometidos por José Sócrates, mais as novas oportunidades, mais o código de trabalho, mais o Magalhães, mais o investimento público, mais o tgv, mais a terceira ponte, e quarta via e a quinta essência da crise capitalista. Mas não dá: os despedimentos colectivos, um pouco por todo o lado, a paragem temporária forçada de um sem número de fábricas e o não pagamento dos salários devidos a trabalhadores, são problemas cuja origem está fora das nossas fronteiras. Também as reformas do ensino, da saúde, da justiça, da defesa, etc, têm o dedinho economicista como principal preocupação. O investimento há-de vir, há-de vir. Está bem que o Magalhães é inquebrável, mas é pena.
Com um pouco de jeito, componho três parágrafos sobre o Primeiro-Ministro e a sua nova saga de tirar aos ricos para dar aos assim-assim. Mas não dá: o Robin dos Bosques não funciona aqui, e sem o necessário casting poderia revelar-se um erro irreparável, semelhante ao que já aconteceu com outras colagens, como o camelo e o pinóquio.
Com um pouco de jeito, componho três parágrafos sobre os julgamentos mediáticos intermináveis. Mas não dá: a experiência diz que esta gente é mal compreendida. Correm diariamente para as salas de audiência, com passagem pelos telejornais, cansam-se, indignam-se com as perguntas dos jornalistas mais ousados, prejudicam as respectivas famílias com tanta ausência forçada e, vai-se a ver, é tudo malta do técnico, tipos porreiros, verdadeiros atletas a saltar de vara em vara.
O Entrudo tem três dias de calendário, dizem. Quarta-feira de cinzas é que eu quero ver…
João de Sousa Teixeira
teijoao@gmail.com
Com um pouco de jeito, componho três parágrafos sobre o Freeport. Mas não dá: a coisa arrasta-se há tanto tempo, que já nada é verdade, já se têm dúvidas quanto à origem das denúncias, onde pára o dinheiro supostamente subornante, quem são os corruptos passivos e, muito provavelmente, o famigerado outlet nem sequer existe e é tudo uma invenção dos noticiários, tipo “A Guerra dos “Mundos” de Orson Welles.
Com um pouco de jeito, componho três parágrafos sobre o BPN. Mas não dá: Oliveira e Costa, presidente do dito, foi preso em Novembro passado, mas continua presente nos negócios que possui, o Banco de Portugal não encontrou vestígios de fraude fiscal, branqueamento de capitais e burla quando poderia, porque o rabo estava escondido com o gato de fora, Dias Loureiro estava lá mas ninguém o levava a sério e Teixeira dos Santos resolveu comprá-lo com o nosso dinheiro e oferecê-lo à CGD, qual porquinho-mealheiro mas com a ranhura das moedas por baixo.
Com um pouco de jeito, componho três parágrafos sobre os 150 mil postos de trabalho prometidos por José Sócrates, mais as novas oportunidades, mais o código de trabalho, mais o Magalhães, mais o investimento público, mais o tgv, mais a terceira ponte, e quarta via e a quinta essência da crise capitalista. Mas não dá: os despedimentos colectivos, um pouco por todo o lado, a paragem temporária forçada de um sem número de fábricas e o não pagamento dos salários devidos a trabalhadores, são problemas cuja origem está fora das nossas fronteiras. Também as reformas do ensino, da saúde, da justiça, da defesa, etc, têm o dedinho economicista como principal preocupação. O investimento há-de vir, há-de vir. Está bem que o Magalhães é inquebrável, mas é pena.
Com um pouco de jeito, componho três parágrafos sobre o Primeiro-Ministro e a sua nova saga de tirar aos ricos para dar aos assim-assim. Mas não dá: o Robin dos Bosques não funciona aqui, e sem o necessário casting poderia revelar-se um erro irreparável, semelhante ao que já aconteceu com outras colagens, como o camelo e o pinóquio.
Com um pouco de jeito, componho três parágrafos sobre os julgamentos mediáticos intermináveis. Mas não dá: a experiência diz que esta gente é mal compreendida. Correm diariamente para as salas de audiência, com passagem pelos telejornais, cansam-se, indignam-se com as perguntas dos jornalistas mais ousados, prejudicam as respectivas famílias com tanta ausência forçada e, vai-se a ver, é tudo malta do técnico, tipos porreiros, verdadeiros atletas a saltar de vara em vara.
O Entrudo tem três dias de calendário, dizem. Quarta-feira de cinzas é que eu quero ver…
João de Sousa Teixeira
teijoao@gmail.com
3 comentários:
Gostava de escrever assim.
Fiquei de dar uma opinião. Já dei.
Onde se prova que a verdade se confunde com a ficção ou será o contrário?
São uns verdadeiros artistas.
Justiça? Onde anda ela?
Adivinhar um "The End" é fácil.
João, gostei.
Carlos Vale
Uma vez, numa dedicatória, o João escreveu: "Ó Manel quando é que te decides a aparecer em livro?"
Agora sou eu a lançar o repto: "Ó João, quando é que crias o teu próprio "blogue"?
O autor de "Mar de Pão", ó Carlos Vale, escreve mesmo bem!
Para os três - Chico, Carlos e João - um abraço e a camaradagem, do
Manuel da Mata
isto não é novela de confrades
peçam uma sindicancia avenida egas moniz
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