26/11/2008

Os Professores, o ME, a avaliação e o ECD do ME

Os professores do distrito de Castelo Branco e dos cinco distritos da região centro à semelhança do que fizeram ontem os professores do norte manifestaram-se contra a política educativa do actual governo e ministério da educação que têm posto em causa a escola pública.
Nem o frio e o vento que se fez sentir, especialmente a partir do fim do dia, afastou os professores do protesto.Mais de mil professores fizeram ouvir a sua voz recusando a avaliação que o ME quer impor. TODOS os professores querem ser avaliados mas de uma forma justa. Por isso defendem e exigem outro modelo de avaliação que dignifique a profissão docente e defenda a escola pública.

Os professores defendem um novo estatuto que não divida a carreira em duas, porque categoria há só uma, PROFESSOR. Àqueles que afirmam, incluindo os responsáveis do ME, que é preciso haver duas carreiras perguntamos: o que é que os professores fazem de diferente no exercício da sua profissão que é ensinar, a não ser que ensinam matérias diferentes de acordo com as disciplinas. Alguém pode comparar a carreira de professor com a carreira militar, por exemplo? Será que um sargento tem as mesmas funções de um general? Mas os professores desempenham exactamente os mesmos papéis.
Estão determinados a continuar a lutar pelo que consideram justo e no próximo dia 3 de Dezembro está marcada uma greve nacional. E no dia 10 de Dezembro greve regional, na região centro. Mas também está prevista uma vigília de 24 horas nos dias 4 e 5 de Dezembro, no Ministério da Educação. E outras acções de luta. Os professores estão determinados e não desistirão.

Numa pequena manifestação, as muitas centenas de professores presentes dirigiram-se ao governo civil, onde, pela primeira vez, uma delegação dos sindicatos foi recebida pela governadora civil, como representante do governo, entregando-lhe uma moção aprovada no plenário, referindo todas as reivindicações dos professores.
Esta mudança de atitude, aparentemente de diálogo, esperam os professores que tenha frutos e que leve rapidamente à resolução de todas as questões que opõem professores e ministério da educação e não seja uma posição meramente táctica para "enganar" a opinião pública.
Uma coisa é certa, os professores estão unidos e determinados e não desistirão até atingirem os seus objectivos.

23/11/2008

A câmara de Castelo Branco e o tratado de Lisboa

A maior parte dos portugueses já ouviu falar do tratado de Lisboa, que foi como bem sabem uma tentativa dos senhores da União Europeia, daqueles que agora andam a dar o dinheiro dos contribuintes aos "desgraçados" dos banqueiros, de imporem aos povos uma constituição que não tem nada a ver com eles.
Também já ouviram falar que o povo irlandês, aquele que vive numa ilha ao lado dos ingleses, não deixa que os outros decidam por ele. Assim numa manifestação de independência e de inteligência votaram num referendo que não queriam a dita constituição. Os ditos "senhores" da União Europeia iam morrendo de azia. Andaram eles tão sorrateira e seraficamente a preparar o arranjinho para aprovarem o papel que até lhe mudaram o nome de constituição para tratado para ver se enganavam os povos e vai daí, aqueles malandros dos irlandeses estragaram o cozinhado: votaram contra. Nem mesmo o facto de tentarem aprovar o tratado nas costas dos povos lhes serviu, como fizeram em Portugal que se recusaram a fazer um referendo a perguntar ao povo se queria a tal constituição: o "papel" ainda não foi para as urtigas, mas há-de estar a caminho do destino.
Para nosso assombro, o sr. Morão da câmara municipal de Castelo Branco ainda não entendeu que a dita já era e tenta dar-lhe algum fôlego, promovendo o que ele chama um "seminário" de uma tarde, cujo tema é o futuro da integração europeia associado ao dito tratado, como se ele estivesse em vigor. Esta gente nunca mais aprende.
Convida uma série de figurões, concerteza à custa do orçamento da câmara, entre os quais o embaixador da Grã-Bretanha. Ainda se fosse o embaixador da Irlanda talvez aprendessem alguma coisa sobre o dito tratado, ou sobre aquilo que fez os irlandeses votarem contra.
Concluindo, mais uma operação inútil de propaganda do sr. Morão.
Seria bem mais útil que a câmara promovesse algumas actividades culturais, para que o cine-teatro tivesse alguma vida.
Seria bem mais útil que a câmara promovesse sessões e debates sobre assuntos de interesse para os munícipes, nomeadamente sobre o Plano Director Municipal ou sobre o Plano Geral de Urbanização, que andam por aí ao deus dará.

22/11/2008

Alentejo: cor, paisagem e cultura

Hoje fui ao Alentejo. Fui a Viana do Alentejo. Como habitualmente fiz muitas fotografias de casas, de paisagens, de pessoas e até visitei um "museu" com objectos expostos de um tipo de artesanato bastante invulgar: chocalhos.

A exposição é particular e segundo o seu proprietário foi formada ao longo de sessenta anos e todos os chocalhos em exposição foram fabricados manualmente num processo bastante moroso e difícil. Há alguns com mais de cem anos.

Este "museu" é apenas uma curiosidade. O que mais impressiona na paisagem é o casario branco e o cuidado que existe, felizmente na grande maioria das povoações, em preservar a característica única que identifica as casas alentejanas.

É impossível ficar indiferente perante um casario que sem grandes edifícios atrai, no entanto, pela beleza da harmonia nas cores e nas formas.
Nem vale a pena fazer comparação com a grande maioria das povoações do concelho de Castelo Branco.

20/11/2008

As "pérolas" das obras do sr. Morão

Os "jardins" de pedra

Bem podem os arautos (vulgo lambe-botas) do sr. Morão esforçar-se na sua proclamação que as asneiras, o provincianismo saloio e a incultura estão à vista.
A última vítima foi o largo do hospital. É mais um exemplo da sanha destruidora de tudo o que é verde por parte da câmara municipal.


Desta vez e como sempre as "vítimas" foram as flores, as plantas, os jardins. Três rectângulos de relva é o que sobra. Segundo o que dizem as notícias do burgo é para acabar com os jardineiros e com os varredores. Jardins de pedra não precisam de jardineiros e onde não há pessoas não há necessidade de limpar.
Mas também dizem que este largo é futurista. Tem bancos para extra-terrestres.

Só as pernas de extra-terrestres (pelo menos os que tenho visto em filmes têm pernas compridas) chegam ao chão. Mas também os há para crianças. As pessoas vulgares ficam com os joelhos encostados à cara.

Mas também não são necessários bancos para pessoas vulgares. Não conseguem estar neste espaço. De inverno é desabrigado, não há recantos que protejam as pessoas. De verão não há árvores que as protejam do sol.

Como já se tornou vulgar com esta câmara, mais umas centenas de milhares de euros gastos para que as coisas fiquem pior. Não ficam na mesma, como diria o príncipe de Salina, ficam piores, porque deixam de servir as pessoas. Servem apenas de espelho para o sr. Morão se rever.

19/11/2008

As "pérolas" das obras do sr. Morão

O Ontem e o Hoje

Em 2 de Janeiro de 1997 era assim:


Era assim o Passeio Verde!

Agora é assim:

Que desolação!

Um amigo, perante estas duas imagens, disse-me que é uma questão de gosto. Tem toda a razão.
Mas o que não podemos ignorar é se o gosto tem qualidade. Para mim quem gosta do centro da cidade assim, sem uma árvore, não sabe o que é qualidade. Isto é modernismo bacoco.
As cidades têm história. As suas ruas, os seus largos, os seus jardins,... fazem parte da sua identidade e devem ser preservados e melhorados, mas não destruídos.

Ontem era assim:
Parque da cidade - ontem

Hoje é assim:

Parque da cidade - hoje

Para onde olham as pessoas? Para as pedras.
Olhem para a fila de bancos. Vê-se que está sol, mas não há sombras. É bonito para quem gosta de pedras. Mas eu prefiro os seres vivos, incluindo as árvores. A minha filha perguntou-me: "Onde estão os cisnes?"

O Interior do interior



Ontem e hoje, por motivos profissionais, tive de me deslocar à sede de dois municípios da nossa zona: Mação e Oleiros.
Percorri parte do concelho de Mação e lá estão as feridas dos fogos florestais dos últimos tempos: os "esqueletos" das árvores e das casas queimadas e que não foram recuperadas. As pessoas, pura e simplesmente, foram-se embora.
Mas a vila é o exemplo típico da desertificação que é a doença típica da nossa região. Na parte central da vila, um número significativo (dezenas) de casas fechadas e algumas abandonadas, a desmoronar-se.
Um grupo de trabalhadores camarários que arranjavam um pedaço de calçada, quando lhes perguntei porque havia tantas casas fechadas, responderam: "A indústria é fraca". É esse o problema, não há trabalho e as pessoas fogem.



Em Oleiros, um professor, quando lhe disse que tinha percorrido dez quilómetros atrás de um camião, sem conseguir ultrapassar, afirmou que, de certeza, durante esse percurso não vi actividade humana, como pessoas a trabalhar nos campos, ou mesmo carros a deslocar-se, o que era verdade. Para ele, a desertificação do interior é inevitável. Nem o poder central, há muitos anos, por opção, nem o poder local, por incapacidade, conseguem combater a desertificação. Para isso, é preciso desenvolver, o que não fazem e o pinhal já é o interior do interior.

16/11/2008

O silêncio da solidão

Um programa de rádio tornou diferente um dia que se apresentava com um sol que prometia uma caminhada serena por caminhos orlados de árvores com cores de outono, a cor de fogo que aquece o coração.
A solidão de que falava a voz da rádio era a dos velhos que vão sendo esquecidos e abandonados porque "a velhice é feia, triste e incómoda".
A velhice que é abandonada, a velhice que é agredida com palavras, que é agredida fisicamente, porque o seu tempo passou e já só espera a morte que não chega.
Que sociedade construímos em que o humano perdeu o valor, em que os pais passaram a ser estranhos e os avós já não contam histórias porque vivem no silêncio da solidão. A sua voz deixou de se ouvir, porque o que interessa não é a sua presença mas o que de material possa deixar.
Para onde vamos se a vida se tornou uma luta que põe em causa os valores que ainda não há muito tempo a família era fundamental e os filhos respeitavam os pais?
Hoje, os pais são ofendidos mas dizem "que posso eu fazer, é meu filho?"

13/11/2008

O escândalo do túnel da Sra. da Piedade continua

Não há desculpa. É a terceira vez que a entrada do túnel vai ser modificada. Isto já é um escândalo e mostra que a gestão da câmara anda ao deus dará.


A câmara e o seu presidente, Joaquim Morão, têm de prestar contas aos munícipes do dinheiro desbaratado naquela loucura. Será que para aquele túnel foi feito um projecto a sério? É impossível que um técnico se engane ou não tenha visto à primeira que o trânsito não podia circular em condições com duas filas de trânsito vindas de direcções opostas. Não pode haver tanta asneira. O projecto está na cabeça do presidente. São as obras à "pato bravo". Faz-se uma vez. Não fica bem. Deita-se abaixo e faz-se novamente. Ainda não ficou bem. Deita-se abaixo e faz-se outra vez. E deita-se abaixo e faz-se tantas vezes quantas forem precisas até ficar bem. Agora fazer um estudo e um projecto em condições é que não. Não há ninguém que lhe faça ver que as coisas não podem ser feitas assim? Ou ele não ouve ninguém? Pelos vistos ele é que sabe e como alguém disse "Manda quem pode". Mas, pelos vistos, só tem mandado mal.

Isto não é gerir uma câmara. Não é assim que se gere uma autarquia. Além do dinheiro gasto a fazer as obras TRÊS VEZES, há o incómodo aos moradores, as dificuldades no trânsito e O QUE LÁ ESTÁ NÃO FICA BEM. Isto só tem um nome: INCOMPETÊNCIA.
Incompetência e esbanjamento. Quando o dinheiro não é nosso é fácil gastá-lo e nem sequer nos dói. O responsável deste disparate tem nome e tem de responder por aquilo que tem feito a esta cidade.

E perguntamos nós:
- Para que serve o túnel?
Temos uma resposta:
- Até este momento serviu para duas coisas: gastar à tripa forra o dinheiro dos contribuintes e não resolveu qualquer problema de trânsito. Antes complicou.
- No futuro, por aquilo que já vimos as coisas não vão melhorar. O trânsito vai piorar e não é apenas a nossa opinião.
Resumindo, o túnel é uma inutilidade. O sr. Morão pode ver-se naquele espelho.

12/11/2008

O capitalismo perdeu o norte

Os arautos do capitalismo travestido de economia de mercado andam desnorteados. Agora afirmam que a economia de mercado não é remédio para tudo. Claro que não, não é remédio para nada. Segundo eles, agora o problema é do neoliberalismo, a ganância dos gestores que tornaram o capitalismo selvagem.
Mas o mais interessante é que agora afirmam que o problema é apenas dos americanos, a pátria do capitalismo, como se o modelo americano não fosse o sol que ilumina os émulos da livre iniciativa privada.
O Estado, esse empecilho, quanto menos intervir melhor. Em Portugal, tal como em todo o mundo ocidental a teoria era a mesma. E todos sabemos no que deu. Agora é preciso que o Estado intervenha para os livrar dos apuros que criaram.
A nacionalização do BPN veio mostrar que aqueles que defendem “Menos Estado, Melhor Estado” têm apenas o objectivo de ficarem com as mãos livres para encherem os bolsos, muitas vezes de forma ilegal e sem controlo. É o fartar vilanagem.
Não é aos que vivem do seu trabalho que interessa, porque esses não têm dinheiro para fazer os “investimentos” que quando corriam mal eram assumidos pelo BPN. A nacionalização custou aos bolsos dos contribuintes 700 milhões de euros que foram parar aos bolsos de alguém. Competia ao Banco de Portugal, comandado pelo sr. Victor Constâncio, evitar que isso acontecesse. Mas, pelo vistos esse senhor assobiava para o ar e não “via” o que se passava.
Aqui há alguns dias um amigo perguntava-me “O que é que os defensores do capitalismo/economia de mercado aprenderam com esta crise”?
Ficaram assustados num primeiro momento, mas já recuperaram a arrogância. O que se tem visto são os governos a tomarem medidas para salvarem a base do capitalismo, o poder financeiro, assumindo os prejuízos causados pelos seus “gestores”. A partir daqui aprenderam que têm de ser mais “discretos” na forma como se abotoam com o dinheiro dos depositantes, pequenos investidores e accionistas. Mas a sua natureza não mudou. Vão ter mais cuidado até à próxima crise.
Os pobres, esses apanharam um susto de morte, porque como aconteceu um pouco por esse mundo fora, desde os Estados Unidos passando Islândia, que esteve à beira da bancarrota, França, Inglaterra, Alemanha, Portugal,…viram as suas economias desaparecerem na avalanche que fez tremer o capitalismo mundial. E o que podiam fazer os pobres? Pouco ou nada.
Esta situação fez-me lembrar uma história que um amigo bancário me contou há alguns anos: uma senhora, já bastante entrada em anos, tinha depositadas num banco as suas economias de uma vida que se limitavam a ser algumas dezenas de contos. Um dia, veio da aldeia onde vivia e dirigiu-se ao banco. Aproximou-se do balcão, com um ar humilde e discreto à espera que alguém a atendesse. O meu amigo, uma pessoa com sensibilidade e conhecedora das dificuldades dirigiu-se à senhora e perguntou-lhe o que desejava. A senhora queria apenas ver o seu dinheiro, não o queria levar. O meu amigo ficou surpreendido pelo estranho pedido e perguntou-lhe como iria ela saber qual era o dinheiro dela. A resposta veio pronta. As notas eram de mil escudos e ela tinha-lhes feito um buraquinho na ponta com um alfinete. O meu amigo resolveu imediatamente a questão: pediu um alfinete a uma colega, foi ao cofre, recolheu em notas de mil a quantia que a senhora tinha depositada, fez um buraco na ponta em cada uma e dirigiu-se ao balcão apresentando as notas à senhora. Esta pegou nas notas, procurou o buraco e disse “São estas mesmo”. Com um sorriso nos lábios saiu do banco e foi à sua vida. O seu dinheiro estava bem guardado. É para isto que os bancos devem servir.

11/11/2008

Os estudantes e o direito de manifestação

No dia 5 de Novembro os estudantes do Ensino Secundário mostraram o seu descontentamento pela política educativa deste governo manifestando-se em frente à Escola Secundária Nun Álvares. A manifestação acabou em carga policial e incidentes que os jornais relataram.
Fiquei à espera que as forças sociais e políticas da cidade se pronunciassem. Puro engano. Apenas os comunistas se solidarizaram com os estudantes. Todas as outras forças políticas (PS, PSD, CDS-PP, BE) ficaram mudas. Nem as organizações juvenis desses partidos tomaram posição, apenas a JCP, a juventude comunista.
Esta demonstração de silêncio vem provar que só os comunistas estão preocupados com os direitos e liberdades dos cidadãos. Também não é por acaso. Sofreram na pele durante 50 anos. Mostram mais uma vez o seu amor à liberdade e que para eles o mais importante são as pessoas.

09/11/2008

Manifestação dos Professores

Ontem, tal como mais ou menos 120 000 professores fui a Lisboa exigir uma nova política para a educação neste País, que tão maltratado é.


Digo uma nova política, porque o que está em causa é a Escola Pública, que é frequentada pela grande maioria dos filhos dos portugueses.
É preciso um novo ECD (Estatuto da Carreira Docente) e um novo modelo de avaliação. Não este que o ministério da educação quer impor aos professores. Estes sempre foram avaliados, mas querem um modelo de avaliação que contribua para melhoria da prática docente e como tal a melhoria da ESCOLA.



Os professores querem ser avaliados, como sempre foram, ao contrário daqueles que andam a escrever e a falar sobre aquilo que não conhecem, que ignoram e que não querem estudar. Esses, sim se fossem avaliados seriam certamente reprovados.