30/07/2008

QUE BELA É A POESIA!

Castelo Branco tem sido local onde nasceram alguns poetas, escritores e artistas de outras áreas com alguma nomeada. Vamos tentar divulgar alguns, especialmente no campo da poesia de que gostamos especialmente. Para começar vamos apresentar três poemas e dois poetas: um que todos conhecem(que não é albicastrense) e outro que é albicastrense.

AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

Fernando Pessoa[Lisboa, 1888-1935]


RETRATO DE POETA

Nunca me fizeram um retrato
de poeta.
Mas fotografaram, pintaram e até esculpiram Pessoa
com o inevitável chapéu de feltro e o par de lunetas
que repartia com todos os heterónimos.
Não tenho um único retrato
de poeta.
Ao contrário de Walt Whitman,
que foi imortalizado em pose de patriarca iluminado,
velho, de barbas esgadanhadas muito além da decência
da pilosidade poética.
A Baudelaire que era feio, fizeram-no
com certeza por maldade.
Eu é que nunca posei
enquanto poeta,
com a mão apoiando o queixo, como os românticos
ou ambas todo o rosto, como os surrealistas.
Ou será ao contrário?

Vá lá, por favor, façam o meu retrato
de poeta,
que não tardam aí poetas do futuro,
desejosos de escrever sobre ele um ou dois versos
dum poema magnífico.

João de Sousa Teixeira(2008).
Rebuçados, Caramelos & Sonetos. RVJ Editores. Castelo Branco.

BEIJA-FLOR

Quem por beija-flor
me tome,
saiba que o faço por amor,
não por fome.

João de Sousa Teixeira.(2008).Rebuçados, Caramelos & Sonetos. RVJ Editores. Castelo Branco.



IDENTIDADE DE UMA CIDADE

A razão principal porque gostamos da nossa terra é para nós de ordem afectiva: gostamos dela porque nascemos lá, porque a nossa família vive lá, porque estudámos lá, porque temos lá os nossos amigos,... Mas, também nos identificamos com a nossa cidade porque tem monumentos, ruas, edifícios, parques, teatros, bibliotecas ou características que são apenas suas, que são únicas, que a distinguem de todas as outras cidades.

A nossa cidade tem um castelo que se vê na fotografia que é único (pode até nem ser bonito); tem também o Jardim do Paço com as suas estátuas em pedra e as ruas orladas de buxo, que não há em Portugal outro igual e os seus portados quinhentistas na zona histórica (tão maltratada) e muitas outras realizações do homem que nos permitem identificá-la como CASTELO BRANCO, capital do distrito com o mesmo nome e da antiga província da BEIRA BAIXA.

Por outro lado, a nossa cidade tinha um Parque que era conhecido e procurado por gente de todo o país e do estrangeiro, mas já não tem: as árvores, talvez centenárias, foram cortadas e substituídas por granito e couves cujo verde parece desaparecer quando se olha para elas. O que era um local agradável em qualquer época do ano transformou-se num deserto, frio no inverno e quente, abafador no verão; é experimentar.

Não negávamos a necessidade de um arranjo; as ruas precisavam de um pavimento de melhor qualidade, a substituição de alguns bancos e melhoria dos pequenos lagos,tratamento das árvores... mas não a transformação modernista segundo os responsáveis, mas a que nós chamamos de subversão pós-moderna inqualificável que não é mais que provincianismo bacoco.


As fotos ilustram bem o estado em que ficou o Parque depois da tão celebrada intervenção modernista. Das muitas árvores de porte considerável resistiram à sanha ultra-moderna as duas que se vêem na foto da esquerda. Na foto de baixo não se percebe bem o que é. Que desolação!









29/07/2008

PARA QUEM É A GAIOLA?


Para quem é a gaiola?

Aceitam-se apostas.

Para quando uma solução para este exemplar?

Será que querem utilizá-lo para irem para o céu?

Ou será que já não se chama "A escada para o céu"?

QUE MAL FIZERAM AS ÁRVORES?




Os responsáveis da Câmara Municipal entraram em guerra com as árvores desde que começaram as obras do programa Polis. Talvez antes. As primeiras vítimas foram as tílias da Praça Rainha D. Leonor. Já não é possível estar na esplanada e ver o sol através da folhagem verde e fresca que nos fazia sentir bem. Apenas se vêem os seus ramos como braços estendidos para o céu numa súplica: não nos magoem mais!






O Parque ficou assim: deserto de árvores e de pessoas.
Pudera!

Quantas vezes procurámos nos tempos de estudante as sombras das árvores que hoje não existem: era o tempo de estudar para os exames, tendo por companhia a sinfonia das cigarras no parque dos loureiros.






O Largo da Sé parece, sei lá o que parece. Se nos aproximarmos da estátua do Vaz Preto talvez ele chore
pelas árvores que fo
ram cortadas.








O café Beirão estava protegido do sol da manhã por um conjunto de belos exemplares que seguiram o mesmo caminho das do Largo da Sé
. Não podemos esperar que as suas substitutas forneçam a mesma sombra e frescura: é uma desilusão. Nem daqui a cem anos!







No centro da cidade tínhamos o Passeio Verde. Já tinha sido Vermelho, mas as árvores eram as mesmas. Agora já não é Verde e as árvores não se vêem, nem as pessoas. Parece que já se descobriu que as árvores só vivem e crescem quando têm terra onde se agarrar e alimentar. Talvez as mesmas pessoas descubram também que que uma cidade que não preserva as suas memórias talvez não tenha futuro.



A Devesa que já foi jardim, lugar onde se realizavam os mercados semanais e as feiras, era uma animação com as pessoas que vinham das aldeias comprar e vender.
Depois, com a civilização da "lata" em desenvolvimento, transformou-se, infelizmente, num parque de estacionamento. Mas, as árvores resistiam.
Hoje é pedra, pedra, pedra! E as árvores, onde estão?








Será que alguém reconhece a fotografia do lado? Os ciprestes, o jardim infantil e as árvores que acolhiam miúdos e graúdos nos seus momentos de ócio e de descanso já não existem. E o que vai acontecer? Ficamos à espera. Mas, as surpresas desagradáveis já são algumas. Esperemos que não saia mais um jardim de pedra.




Parece ser norma do actual presidente da câmara que, de cada vez que se fazem obras numa rua, num largo, num jardim da cidade, as árvores são as primeiras vítimas. Apresentamos aqui algumas situações, que tendo a intenção de melhorar, apresentando as intervenções como modernas e de qualidade, acabam infelizmente por ter o efeito contrário.






28/07/2008

PORQUÊ UM BLOG?

Há muitas e variadas razões para que as pessoas tentem dar a conhecer as suas ideias sobre os mais diversos assuntos. No nosso caso teve a ver essencialmente com a necessidade de dar a conhecer um tipo de opinião que raramente aparece nos órgãos de comunicação social: a opinião do cidadão anónimo que precisa de comentar o que se passa na sua freguesia, no seu concelho, no seu país. E que assuntos merecem a atenção desse cidadão?

As questões de ordem política que têm a ver com o funcionamento dos órgãos, com as decisões tomadas e a sua divulgação, com as obras que se realizam e como se realizam, com as actividades culturais e desportivas, com a auscultação dos cidadãos na tomada de decisões que são importantes para a sua vida, e muitas outras questões que têm a ver com ela, a vida.

Vamos tentar manter um conjunto de posts de participação cívica, porque somos dos que pensamos que a participação não se deve esgotar no momento da votação que é de quatro em quatro anos. A participação deve ser de todos os dias que é por isso que se diz que a nossa é uma democracia participativa: PARTICIPAR É TOMAR POSIÇÃO TODOS OS DIAS! Frantuco.