28/02/2011

Na Sra. de Mércules

Porquê o derrube das árvores?

Pelos vistos, em Castelo Branco, as árvores são considerados seres vivos perigosos e quando a gente se distrai lá vem mais um abate.
Hoje fui surpreendido por um amigo que me contou ter assistido ao derrube de algumas dezenas de árvores, incluindo azinheiras, no santuário da Sra. de Mércules. Perguntou aos autores da "proeza" quem tinha autorizado semelhante acto e responderam-lhe que "não tinha nada com isso".
Antes era assim (infelizmente só tenho uma fotografia anterior ao derrube).

Agora está assim como se segue:


Mas o "trabalho" completo deixou a paisagem deste modo:













Só algumas perguntas:

QUEM?

PORQUÊ?

COM QUE OBJECTIVOS?

O Barrocal

O meu amigo João Teixeira deixou no post das fotografias do Barrocal o comentário que se segue e que eu não resisto a publicar, mesmo sem a sua autorização, porque a sua descrição era a que eu gostaria de ter escrito, mas não fui capaz.


Desvendo um extracto dum próximo romance, com o título genérico SÚBITA FLORESTA:


No princípio, o barrocal exercia o mistério possível. Simultaneamente misterioso e inóspito, sem ser uma coisa ou outra, chamava a atenção pelo isolamento que permitia conceber todos os sonhos e todas as aventuras; tudo o que se imaginasse furtivo ou proibido.
Ali, todos podiam ser índios, bandoleiros ou apenas gente adulta, como a que passava, senhora do seu nariz, do lado de lá da linha do caminho-de-ferro.
A paisagem era quase deserta, não fossem os enormes rochedos graníticos de formas arredondadas e uma espécie de carvalhos, cujos frutos eram bugalhas secas, que serviam para jogar o berlinde dos pobres, fazer efémeros cachimbos e arremessar contra alvos de ocasião.
Não se sabe que atractivo levava aquela gente miúda a saltitar de pedra em pedra – o que constituía já, por si só, algum arremedo de pecado em cada cabeça povoada de sonhos e mistérios insondáveis – a não ser o exercício de uma rude liberdade.
Nunca se saberia, nem tal era importante. Na verdade, o barrocal não era um mundo; muito mais do que isso, era vários mundos, visto que cada um transportava o seu e nele dimensionava as suas vontades e a sua sede de viver os pequenos momentos de descoberta, guardados a sete chaves, pois nunca eram revelados para além daquele lugar de encanto.

Abraço

27/02/2011

Imagens de um dia de sol de Inverno

Há dois ou três dias, num fim de dia bastante ameno, dei-me ao prazer de obter as imagens que apresento a seguir. Muitas vezes passamos pelos locais e não nos apercebemos da beleza que está escondida nas paisagens, mesmo que sejam "blocos" de granito.


Estes estão mesmo aqui ao lado, no Barrocal. Para se ver a sua beleza temos de percorrer os carreiros que os atravessam e olhá-los de forma diferente.


Mas também é preciso ter predisposição os apreciar. Muitas vezes passei por ali e só agora vi como são diferentes ...

24/02/2011

As obras da Estação do Caminho de Ferro - A Metalúrgica

Que destino para a Metalúrgica? E a sua chaminé?

O espaço envolvente da estação vai certamente aguçar o apetite de alguns "patos bravos", quer pela localização do espaço, quer pela sua dimensão.
De entre os espaços a considerar há a referir as instalações da Metalúrgica, que poderia ser o local de implantação do Centro Coordenador de Transportes ou, com outro nome, o Terminal Rodoviário. Sabendo que o espaço já mudou, pelo menos, que eu saiba, duas vezes de dono e que, para ter a utilização referida, teria de ser adquirido pela câmara, o que não me parece curial pelas verbas que seriam envolvidas. Além disso, o espaço que já foi escolhido está perfeitamente adequado e já pertence à câmara.
Além do espaço que corresponde à Metalúrgica existem outros espaços de casas ou armazéns pertencentes à CP. Não se pode e não se deve avançar com uma solução para a zona sem os considerar. Eles são bem apetecidos. Compete à câmara definir a sua utilização, através de um plano de pormenor. A especulação anda a rondar.










Mas também nos interrogamos: que destino para a sua chaminé? Esta enorme chaminé também é um ícone desta cidade. Seria uma pena que deixasse de se ver vista porque foi triturada por outros "interesses".

23/02/2011

As obras do sr. Morão/PS - A antiga estação dos CTT

O que se pretende fazer com o edifício dos CTT?

A antiga estação dos CTT foi comprada pela câmara municipal (quanto custou - alguém sabe?), foi recuperada pela câmara municipal (quanto custou - alguém sabe?) e ainda hoje não se sabe qual vai ser a sua utilidade.
No passado dia 19 foi aberta ao público com a inauguração de uma exposição de fotografia de um fotógrafo famoso, Jorge Molder, que, na minha modesta opinião, deve ser visitada. No entanto, considero que os trabalhos apresentados têm uma leitura algo difícil, especialmente para leigos. Aqui deixo algumas imagens para os interessados.











Contudo, este espaço, que é considerado "privilegiado para receber grandes acontecimentos" está recuperado há já alguns meses sem qualquer utilidade, sendo apenas, ao que consta, sede de um serviço criado para um amigo. O privilégio tem-se ficado por aqui.

Os dinheiros públicos têm de ter aplicações em obras ou actividades que tenham utilidade com carácter permanente. O presidente da câmara não pode e não deve fazer obras para satisfazer a sua vaidade e ficar à espera que o tempo resolva as "coisas" tal como ele diz: o espaço será utilizado quando calhar, isto é, segundo as suas palavras, retiradas de "Povo da Beira", "o objectivo que seja utilizado para aquilo que for necessário".


A câmara não pode construir, recuperar ou melhorar espaços culturais ou outros, sem saber o que fazer com eles. O "depois logo se vê" não é política correcta. Os tempos que correm exigem que os investimentos sejam criteriosos e produtivos. Não basta que sejam "emblemáticos", é preciso que sirvam os munícipes. Duas ou três actividades anuais não é suficiente, é preciso que haja uma programação adequada. E mais: não se podem construir mais espaços quando os que já existem não são devidamente utilizados. Há quem lhe chame "elefantes brancos".

22/02/2011

UM DEDO QUE ADIVINHA

A sempre oportuna crónica do meu amigo João Teixeira acerca dos levantamentos populares nos países árabes. Como sempre, o seu texto é claro, lúcido e irónico. Aqui fica para que os leitores a possam apreciar.



UM DEDO QUE ADIVINHA

Quem construiu Tebas, a das sete portas… Não, esperem, não era isto que queria dizer. Foi Brecht que assim falou no seu célebre poema “Perguntas dum operário letrado”… Vêm a propósito as manifestações de descontentamento – de revolta para a hipocrisia universal – no Magreb e Médio Oriente que, como os cogumelos, parecem de geração espontânea, como pareceram as da Europa de leste nos anos oitenta, como pareceram as que contestaram Allende em setenta e três, como parecem, enfim, para as vítimas, todos os gestos altruístas dos predadores nos contos de Andersen. Contudo, o escritor dinamarquês teve o condão de evidenciar o bem e o mal, não fossem as criancinhas pensar que o mundo é cor-de-rosa e está cheio de bons rapazes… É o efeito de contágio, dizem uns; de dominó, glosam outros; da CIA, digo eu, até que um qualquer wikiLeaks do futuro publique os textos e as fotografias, por enquanto guardados a sete chaves. No tempo em que nós e os coelhos nascíamos com olhos fechados, era possível acreditar neste milagre da multiplicação das boas vontades e do súbito alvor democrático, como se, por magia, todos acordássemos ao mesmo tempo e na mesma almofada. Hoje, tudo tem uma explicação mais terrena e mais objectiva; ficaram para trás a coincidência e outros fenómenos inexplicáveis. Não estou a dizer que a cáfila de títeres naquelas paragens é boa gente assediada por hordas de malfeitores, não, digo que os EU se cansaram dos afilhados que apadrinharam e promoveram durante décadas, que acumularam fortunas incalculáveis à custa da exploração e repressão dos respectivos povos e decidiram adoçar príncipes e sultões, para que a sua diplomacia avance e arrume a casa de novo à sua medida, sem necessidade de utilizar a cavalaria, que entretanto diz desmobilizar de forma gradual e pacífica. Com ou sem Obama, os EU continuam a ser os EU. Desenganem-se aqueles que sonham que a estratégia mudou só porque o presidente americano come hamburgers no meio da rua. Todas as famílias têm um ancião que um dia desmascarou, olhos nos olhos, o neto mais propenso à asneira com a frase mágica: tenho um dedo que adivinha. Aí caíam por terra todos os pueris argumentos. Na verdade, não é preciso ser velho e, muito menos, ter por neto tão previsível ganapo, para adivinhar a nova patifaria ianque. Além do mais é useiro e vezeiro nestas andanças, pois não conhece outra forma de agir desde os tempos em que partiu das ruas e prostíbulos da Europa do norte, embarcado como ratos, de pistola em punho, em busca da terra prometida, já nessa altura, porém, propriedade de outros, que prontamente espoliou para se impor como herói e polícia do mundo. Depois? Depois, tudo ficará como até aqui, as democracias emergentes voltarão a ter o aval norte-americano e Israel ficará eternamente agradecido ao seu incondicional amigo e capaz de reforçar a sua política expansionista naquela zona do globo. A menos que, coisas do meu dedo que adivinha, os povos árabes tomem verdadeiramente o destino em suas próprias mãos e promovam de vez a paz, o bem-estar social e o progresso de tão martirizados seres humanos. João de Sousa Teixeira teijoao@gmail.com

21/02/2011

As obras da Estação do Caminho de Ferro - O Edifício Central

Que futuro para o Edifício Central?

Nos projectos do concurso de ideias realizado em meados de 2008 o edifício da estação era pura e simplesmente pulverizado (já passaram mais de dois anos e meio e a competência de quem mora nos paços do concelho ainda não arranjou uma solução para a zona; nem com tantas ideias conseguiu descobrir uma que seja apropriada. Porque será? Na minha terra costumam dizer que não é bom quem quer, é quem pode).

Tenho de reconhecer que a qualidade arquitectónica do edifício não é grande, mas representa uma época e um estilo de equipamento que se identifica com o Caminho de Ferro (A linha da Beira Baixa ficou pronta até à Guarda em 1893. Tem mais de um século - 117 anos). Quanto ao edifício da estação não sei quando foi construído, mas tem seguramente muitas dezenas de anos. Penso, por isso, que deve ser melhorado, mas preservado. A memória exige-o. As tentações bacocas do pós-modernismo, que tudo destrói, têm de ser contidas.
Aqui ficam mais algumas imagens para a memória futura.













20/02/2011

A cidade de que gostamos - VI

A Torre e o seu Relógio

Hoje, logo de manhã, vi um sol tão radioso que decidi obter algumas fotos de um sítio da nossa cidade que é um dos ícones que a identifica. Infelizmente não parece estar muito bem tratado. No entanto, aqui algumas imagens e já com o sol um pouco encoberto.












19/02/2011

As obras da Estação do Caminho de Ferro - O Túnel

Que se pretende fazer com o túnel construído debaixo do edifício da estação?

Na zona sul, isto é, para lá da linha, foi feito há bastante tempo um túnel, que já foi fechado, depois novamente aberto e agora está cheio de água que escoa por canal que foi aberto para esse efeito. A situação apresenta-se da forma que as imagens ilustram:












O que é que se pretende fazer com este túnel? Vai continuar aberto ou foi apenas dinheiro deitado fora porque foi construído sem que houvesse uma ideia concreta do que pretendia fazer na zona? Será que no conjunto da intervenção que se pretende fazer (a haver alguma ideia - não nos podemos esquecer que o concurso de ideias se realizou em meados de 2008; já lá vão, pelo menos dois anos e meio) o túnel vai ter alguma utilidade? É para carros ou é para peões ou para escoamento de água?

Este tipo de obras sem objectivos revelam, em primeiro lugar, a incompetência dos seus autores e, em segundo, é esbanjamento de dinheiro que não é deles, é do povo, de todos nós que nos esquecemos de pedir responsabilidades aos fautores.

Seria bom que os responsáveis não ignorassem estas perguntas e respondessem com verdade.

17/02/2011

As obras da Estação do Caminho de Ferro - Centro Coodenador

O que queremos para a nossa cidade

A zona envolvente à estação do Caminho de Ferro já foi objecto de um post neste blog que pode ser lido aqui, onde se faz referência aos diversos projectos que foram apresentados ao concurso de ideias. Dos doze projectos apresentados ganhou o projecto da empresa RISCO, que propunha uma alteração substancial em toda a zona envolvente da estação. Aquilo que se propunha não era uma requalificação da zona, era antes a criação de uma nova zona estruturante da cidade. Mais uma vez aqui se deixa uma imagem da maquete do projecto apresentado.
Se se observar com atenção ver-se-à a avenida Nun'Álvares (lá estão as suas árvores e no meu entender deve ser intocável; esta avenida que é da década de 40 do século passado é estruturante da cidade, tal como a 1º de Maio e todas as ruas e avenidas que estão ligadas ao centro); também se vê que o edifício da estação é substituído por outro; lá está um túnel a passar por baixo da linha; o Centro Coordenador de Transportes e uma nova urbanização que pretendem criar também para lá da linha; e também se vê uma passagem aérea na zona da Metalúrgica,... Em suma, é uma intervenção que tenta criar uma nova centralidade e alterando toda a zona.
É claro que este projecto e os outros que foram apresentados devem ser analisados e impõem-se algumas interrogações e também fazer algumas observações.

1ª observação - os projectos apresentados são apenas ideias. Não têm de ser executados. Devem servir como orientação para os decisores que têm de mandar elaborar os projectos definitivos.

2ª observação - o projecto final só deve ser elaborado depois de o decisor político indicar quais os equipamentos a construir, onde e que intervenção deve ser feita.

3ª observação/interrogação - a cidade de Castelo Branco tem pouco mais de 30 mil habitantes. Será que as áreas já urbanizadas não são suficientes para o crescimento da população prevista? Pretende-se ainda aumentar essa área? Porquê? Que justificações há para isso? Daí que interroguemos: faz sentido fazer crescer ainda mais a cidade para lá da linha?

4ª observação/interrogação - deve o Centro Coordenador de Transportes ser um equipamento para movimentar um número elevado de autocarros e passageiros, quando actualmente o número de autocarros que circulam na cidade não ultrapassa as duas dezenas e meia diariamente? Ou deve ser um equipamento que cubra as necessidades tendo em atenção um crescimento moderado de passageiros, evitando assim investimentos avultados, absolutamente desnecessários?

5ª observação/interrogação - Sabe-se que a grande maioria dos passageiros e dos autocarros (mais de 90%) têm origem e circulam na parte norte da linha do caminho de ferro. Perante este facto, faz algum sentido construir o centro coordenador na parte sul, obrigando a elevados investimentos para atravessamento da linha, sejam túneis ou pontes? Além disso, não será, em termos práticos, de comodidade e de eficácia mais útil esta estrutura, tendo em atenção a origem dos passageiros?

Depois destas observações/interrogações não será de ponderar a construção do Centro Coordenador de Transportes (até poderá ter outro nome, considerando que não será bem um centro de coordenação, porque não tem dimensão para isso) nos terrenos da antiga Prazol, no caso de haver terreno suficiente?











16/02/2011

As obras do sr. Morão/PS

De novo as correcções

Um amigo que encontrei recentemente contou-me uma história sobre o desemprego em determinado concelho do nosso país. O presidente da câmara local tinha inventado uma "mesinha" para a moléstia. A maior avenida da sede concelhia estava permanentemente em obras e assim havia sempre trabalho para os desempregados, mesmo que as obras fossem repetidas no mesmo local.

Pelos vistos o sr. Morão/PS da nossa cidade de Castelo Branco deve ter tido conhecimento do expediente e pô-lo em prática. As obras no centro da nossa cidade vêm-se repetindo e eternizando no mesmo local, corrigindo as asneiras, infelizmente cometidas por teimosia, ignorância e falta de humildade do dito senhor.
É talvez por isso que o sr. Morão/PS afirma sem pudor que no concelho de Castelo Branco não há desemprego. Infelizmente não é verdade. Nem com as obras à Morão/PS, eternamente repetidas, corrigidas, emendadas com o dinheiro dos nossos impostos, o flagelo da fome envergonhada, da miséria, do desemprego desapareceu.












O que está em causa é o desperdício de recursos que o sr. Morão/PS pratica sem pudor e impunemente.
É preciso que os albicastrenses exijam qualidade nas obras para que as correcções não sejam uma constante.
É preciso que haja transparência na gestão dos recursos e todos saibamos quanto custa corrigir o que foi mal feito e que só por teimosia se realizou.
É preciso que haja definição de prioridades na realização das obras e não se executem para satisfazer as vaidades do sr. Morão/PS.